Veredas da informação em culturas de tradição oral…

Prezados Amigos e Amigas!

Já está disponível para download a Tese “Veredas da informação em culturas de tradição oral: a esfera encantada das bibliotecas vivas”, autoria de Edison Luís dos Santos, defendida em 06 de Agosto de 2018, na Escola de Comunicações e Artes da USP – ECA/USP. Defesa da Tese: 6 de agosto de 2018 - 14hs

Resumo: A tese apresenta o estudo de natureza exploratória do processo de produção partilhada de saberes e apropriação de dispositivo de informação desenvolvido com mestres e aprendizes da cultura de tradição oral. A obra resulta de um diálogo na fronteira entre o legado das culturas de tradição oral e as novas tecnologias da escrita, em que experimentamos uma relação com o saber, voluntária e coletiva, da ciência como artesanato. A materialização da produção partilhada de saberes se deu no fazer prático (savoir-faire) por meio do qual os sujeitos do saber aprenderam a conhecer e a fazer juntos.

Palavras-chave: 1. Epistemologia da Ciência da Informação.  2. Cultura – Tradição Oral.  3. Informação e Memória.  4. Dispositivo de Informação.  5. Redes Sociotécnicas.  6. Bibliotecas Vivas

Download Tese Completa: Veredas da informação em culturas de tradição oral

Mediação cultural com os parceiros de Cambury: o rio que muda…

Caros Amigos e Amigas do Quilombo Cambury!!!
A obra está disponível para DOWNLOAD na Biblioteca Digital da USP:
Estação memória Cambury: mediação cultural com os parceiros do rio que muda
http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/27/27151/tde-19112013-161748/pt-br.php

RESUMO: estudo exploratório sobre o processo de mediação e apropriação cultural de informação em um contexto social, marcado historicamente pela expropriação cultural – Cambury – uma comunidade rural formada por pescadores e quilombolas que vivem na Mata Atlântica. A análise de campo e as reflexões teóricas se debruçaram sobre o papel do mediador e dos dispositivos informacionais, tendo como referência metodológica a pedagogia dialógica das Oficinas de Memória, espaço privilegiado para experimentação de saberes, trocas culturais e simbólicas. Como resultado, formulamos categorias significativas de análise do mediador cultural, cujo amálgama de saberes (informacionais; procedimentais e atitudinais) julgamos indispensável aos processos de significação em territórios simbólicos diferenciados. Como produto de conhecimento no campo da pesquisa social aplicada, criamos o dispositivo infoeducativo – Estação Memória Cambury – conjugado à interface de comunicação digital; e desenvolvemos referenciais teóricos e metodológicos que podem contribuir em futuras práticas infoeducativas que favoreçam a produção, circulação e apropriação social de saberes com os sujeitos do saber, confrontando-os com a questão do sentido da vida, do mundo e de si mesmos.

Protagonistas de Cambury, 2011-2013.

                       Protagonistas de Cambury, 2011-2013.

SANTOS, Edison Luís dos. Estação memória Cambury: mediação cultural com os parceiros do rio que muda. São Paulo: ECA, USP, 2013. 101p.

Forte abraço do Edison, o violeiro!

Bibliotecas Vivas: donos da voz, do encanto e do feitiço…

A tradição oral é a grande escola da vida, e dela recupera e relaciona todos os aspectos. Pode parecer caótica àqueles que não lhe descortinam o segredo e desconcertar a mentalidade cartesiana acostumada a separar tudo em categorias bem definidas.
Dentro da tradição oral, na verdade, o espiritual e o material não estão dissociados. […]. Ela é ao mesmo tempo religião, conhecimento, ciência natural, iniciação à arte, história, divertimento e recreação, uma vez que todo pormenor sempre nos permite remontar à Unidade primordial. (Amadou Hampâté Bâ, 2010, p.169)

Prezados amigos do Cambury!

Acaba de ser publicado artigo de minha autoria no qual destaco a importância da esfera de saberes dos mestres da tradição oral, em especial, Mestre Alcides Tserewaptu, Mestre Durval do Coco e Mestre Dorival dos Santos. O texto fala das bibliotecas vivas, dos mestres do saber oral, donos da voz, do encanto e do feitiço.

O artigo “MEMÓRIA, INFORMAÇÃO E ENCANTO A ESFERA DE SABERES ENTRE OS MESTRES DA TRADIÇÃO ORAL” é de uma riqueza conceitual, epistemológica e poética que faz gosto em sua leitura. O autor conseguiu colocar para conversar os nossos conversadores/faladores/transeuntes da língua… São os guardiões das tradições populares brasileiras. E dessa roda de conversa, ora de capoeira, ora de samba do recôncavo, saíram cortejos de corpos que existem e persistem pela oralidade. O que está escrito, grafado e desenhado no papel está, ao mesmo tempo, marcado na fala que parece farfalhar na memória das palavras que vão ficando para trás na leitura.

A organização do texto segue uma cadência que permite acompanhar todo passo a passo e os procedimentos metodológicos que foram adotados pela pesquisa. Há trechos verdadeiramente poéticos nos entremeios do discurso. Despontam como lanceiros ou puxadores de rede nas pausas em que o griô respira, ou quando silencia o Mestre capoeirista. Ali adentram Limas, Costas, Pachecos, Geertz, Bosis e Bâs e a prosa versada é costurada no linguajar das palavras que ecoam pelo vento, pela memória, pelo tempo e pelas novas formas de comunicação contemporâneas.

O autor nos aponta estratégias metodológicas de abordagem no conjunto das tradições orais, tendo como principal via a capoeira, que através da cultura tentam reconectar sujeitos a perceberem a presença das ancestralidades nas manifestações de matrizes africanas. O diálogo traçado com as percepções teóricas de Paulo Freire e José Pacheco constrói uma compreensão, na qual, a capoeira exerce sua escrita no corpo e que a oralidade não é acionada somente com algo complementar a educação formal, mas sim, apresenta princípios próprios de ser no mundo. (Renato Mendonça Barreto da Silva)

Disponível para download em: http://abpnrevista.org.br/revista/index.php/revistaabpn1/article/view/735

Divulgação

Revista da Associação Brasileira de Pesquisadores/as Negros/as (ABPN), [S.l.], v. 11, n. Edição Especial, p. 130-154, out. 2019.

Bibliografia

SANTOS, Edison Luís dos. Veredas da informação em culturas de tradição oral: a esfera encantada das bibliotecas vivas. 2018. Tese (Doutorado em Cultura e Informação) – Escola de Comunicações e Artes, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2018. doi:10.11606/T.27.2018.tde-02102018-163618. Acesso em: 2019-11-07. Disponível em: https://teses.usp.br/teses/disponiveis/27/27151/tde-02102018-163618/pt-br.php

Jagunços armados aterrorizam caiçaras em Ubatuba

Tamoios News informa:

Jagunços armados estariam utilizando explosivos e muita violência contra caiçaras que vivem no bairro

A Câmara de Vereadores de Ubatuba pediu que o MP(Ministério Público Estadual), as polícias civil e militar e a prefeitura local coíbam a ação de jagunços armados que ameaçam de morte moradores do Ubatumirim, na região norte da cidade.

Os dez vereadores acionaram as autoridades competentes após moradores do bairro comparecerem a sessão do legislativo, portando faixas e cartazes, pedindo ajuda sobre atuação de grileiros, que protegidos por homens armados, estariam invadindo propriedades, praticando violência e aterrorizando as pessoas que vivem no local.

Moradores foram ate a câmara denunciar ação de jagunços

Um dos moradores, Juarez Barbosa Pimenta, ocupou a Tribuna Popular, para cobrar providências dos vereadores e das autoridades locais. “Grileiros, protegidos por jagunços armados, praticando violências e conflitos, aterrorizando o bairro com armas brancas e armas de fogo e invadindo propriedades. Viemos aqui para dizer que estamos vivos”, desabafou Juarez”.

Segundo ele, há mais ou menos um ano, grileiros de Taubaté vem aterrorizando o bairro, fortemente armados. ” Esse grupo Invadiu uma propriedade de família caiçara que reside ali há mais de um século. E mais: Há policiais em folga dando segurança a esses grileiros. Fizemos boletins de ocorrência”, denunciou.

Juarez narrou que“no final de agosto, esse grupo invadiu a propriedade, dizendo-se acompanhados por policiais. Houve vários disparos. Todos foram encaminhados à delegacia. Uma senhora portadora de deficiência, especial, ficou perdida na situação.

“Um morador foi preso acusado de trocar tiros com polícia. Mas eles(os policiais) não estavam ali como policiais, estavam de folga dando apoio aos grileiros”, denunciou Juarez.

“Nós, moradores, viemos pedir aos vereadores que olhem com carinho para essa situação. Esse grupo sempre vem perturbar a comunidade. Como comunidade isolada não temos a presença da Policia, até a Policia chegar lá leva tempo. Por isso nos unimos e estamos todos aqui para pedir que essa Casa vote leis que levem a Segurança a funcionar também para nós.”, cobrou

Juarez disse que na comunidade existem comércios, campings, chalés de aluguel. “Estamos desesperados. . Somos povo ordeiro, queremos ser bem recebidos para receber bem e esse tipo de pessoas, desse nível, não condiz com o perfil da nossa comunidade. Não recebemos ninguém com bala, mas com café e carinho, de braços abertos. É um desabafo da comunidade, clamando por socorro. Somos contribuintes”, finalizou.

Os dez vereadores se sensibilizaram com os moradores do Ubatumirim. Todos aprovaram o requerimento cobrando a imediata intervenção das autoridades no caso. A Câmara destacou o direito constitucional à propriedade, tida como um bem inviolável, argumentando que esse direito vem sendo agredido por tais invasões de terra, “de forma violenta, turbada e clandestina por parte de jagunços portando armas brancas e de fogo”.

O documento considera ainda que “o Município de Ubatuba, dada sua extensa área ao longo da costa, de aproximadamente 100 quilômetros entre as divisas territoriais, tem ficado exposto aos interesses de especuladores que aproveitam-se dessa fragilidade para se dar bem”.

Os vereadores, em unanimidade alertaram ainda que “o problema das invasões de terra vem se propagando por todo o território municipal, com a população cobrando ações mais enérgicas do Poder Público, um esforço significativo para coibir esta afrontas aos proprietários de terra e responsabilizar a quem de direito”.

A Câmara cobrou ainda uma ação mais efetiva do prefeito Délcio Sato para que sua administração, coíba as invasões de terra, principalmente em áreas públicas, responsabilizando a quem de direito administrativa, civil e criminalmente.

Explosivos

Os vereadores anexaram ao requerimento cópias de quatro boletins de ocorrência lavrados entre os dias 17 e 18 de março e 31 de agosto relatando ´diversos tipos de conduta criminosa dos investigados como ameaças, danos a propriedades, posse irregular de arma de fogo de uso restrito, em desobediência ao Estatuto do Desarmamento, furtos ou esbulho possessório.

De um dos boletins consta que foram apreendidos “explosivos, pólvora para recarga de cartuchos, uma carabina calibre 38, chumbo, cartuchos e cápsulas para espingarda calibre 28, três pistolas Taurus 765 e um revólver Smith calibre 32.

PM

A Câmara oficiou o comandante da Policia Militar do estado para que apure os fatos constantes da denuncia de Juarez Barbosa Pimenta, que se houve Policial Militar envolvido nos casos de invasão de terra, os mesmos sejam responsabilizados disciplinarmente pelo Código de Ética da Policia.

Cobraram do comando da Policia Militar, na pessoa do Capitão Robert Scott Neill, à Policia Civil, pedindo ou uma base comunitária na região Norte ou ronda com viatura passando pelo menos uma vez por dia no Ubatumirim.

E, oficializou ao Ministério Público do estado de São Paulo, a defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e individuais, com abertura de inquérito se necessário, para também apurar o caso denunciado pelos moradores, para que vidas não sejam ceifadas na violência que vem ocorrendo.

Vereadores

Vereadores cobram providências ao MP, Prefeitura e policias civil e militar

O vereador Junior JR (Podemos) relatou que esteve na comunidade quando da implantação de barreira de acesso a área de praia com toras de madeira e que também foi ameaçado na ocasião. “É inadmissível nos dias de hoje a existência de jaguncismo, coronelismo, pessoas querendo apropriar-se de terras de comunidade tradicional. Fomos sim, ameaçados”, disse..

Junior sugere a instalação de uma base comunitária da PM por lá, “uma região esquecida em muitos detalhes. Assim como temos Base Comunitária da PM na região Sul, na região Oeste e na região Central por quê a região Norte sempre foi esquecida? Se faz necessária uma presença mais ostensiva de aparato de segurança por lá. Temos que ter uma ação conjunta envolvendo Prefeitura/Câmara e PM para buscarmos um espaço físico para essa base”.

O vereador Reginaldo Bibi (MDB) declarou conhecer Juarez Pimenta, como pessoa de boa índole. Prometeu “como policial aposentado, ir ao quartel da Policia Militar para ter maior conhecimento sobre os fatos. Não sou conivente com os atos que ocorreram no local, há inquérito. A Corregedoria da PM nesses assuntos é implacável e podem ter certeza que serão punidos”, comentou.

Bibi disse desconhecer “quem foi lá, sou amigo de todos mas não podemos passar a mão na cabeça de ninguém. A PM não é assim. A atitude de um ou outro não reflete toda a corporação. Capitão Scott não é de passar a mão também. Há inquérito da corregedoria e outro na Policial Civil. Sobre os fatos ocorridos no local”.

O vereador Adão Pereira (PCdoB) reconheceu que “não é a primeira vez que isso acontece. Se alguém se diz dono de terra que venha com documento, com escritura mas não venha com revólver”. Ele sugere que “ pelo menos uma viatura possa pelo menos uma vez por dia ir até no fim da região Norte, até o Cambury para uma ronda diária. Já seria um grande ganho pra população de lá. Acabaram-se os tempos de bang-bang”, disse Adão.

O vereador Claudnei Xavier (PSDB), também ele ex-policial ambiental, disse compartilha a posição de Bibi dizendo que em todo grupo “sempre tem um ou outro que desvirtua ou desmoraliza o todo mas há que se tirar as frutas podres do cesto”. Ele relatou que em seu tempo de policial havia ronda ambiental, ele fazia por lá inspeções com patrulha de rotina e pode compartilhar da vida da comunidade . À época havia recursos e hoje o Presidente quer rejeitar ajuda internacional para ambiente. Não compartilho dessa posição. Temos 100 km de costa para patrulhar”, alegou.

Ricardo Cortes (PSC) também concordou que “é urgente resolver isso, estamos cansados de ouvir esses relatos sobre escrituras falsas, invasões, jagunços protegendo, comércio de droga invadindo. A população está sempre a mercê desses maus elementos. Há Conglomerados imobiliários com interesse no Munícipio mas não estamos na Amazônia. Isso não pode acontecer. Há terras ali do Incra, da União sendo invadidas. Está na hora dos cartórios fazerem fiscalização. Não é só colocar Policia”, enfatizou.

O vereador Rochinha do Basquete (PTB) informou que em seu gabinete já foi procurado também por moradores da Almada, do Cedro com os mesmos relatos de invasões e violências, ambulantes”. Manoel Marques também defendeu uma Base Comunitária na região.

O presidente da Câmara, vereador Silvinho Brandão (PSDB) ratificou “o que cada vereador disse, elogiou a atuação do comando da PM em Ubatuba, capitão Scott, que a gente percebe ser gente de bem com uma visão diferenciada sobre o papel da PM”. Silvinho propôs montar uma comissão com a presença de Juarez Pimenta para a busca de soluções, para apurar responsabilidades e punir com o rigor da lei”.

FONTE: Tamoios News, 9 de outubro de 2019. Disponível em: https://www.tamoiosnews.com.br/seguranca-publica/jaguncos-armados-aterrorizam-familias-caicaras-no-ubatumirim/?fbclid=IwAR0knkSVwT6NJAgx_C4lpjTUCwIZhLr7ezRl_6oy7gXJFyy2jEITvCa-lTM

Estudos sobre Saúde e Saneamento em Cambury

Trabalhos de graduação realizados em Cambury pelas Pesquisadoras de Engenharia Ambiental de São Carlos estão disponíveis para download:

SILVA, Lara Ramos Monteiro & FELÍCIO, Julia Dedini. Saúde e saneamento em comunidades tradicionais e os aspectos socioambientais relacionados: estudo de caso de Cambury, Ubatuba (SP). Monografia de Graduação (Engenharia Ambiental). São Carlos: SP, 2017.

Disponível em: Saúde e saneamento em comunidades tradicionais e os aspectos socioambientais relacionados – PDF

SILVA, Lara Ramos Monteiro. Representações cartográficas no município de Ubatuba (SP): da invisibilidade à valorização das práticas e saberes dos povos e comunidades tradicionais. Projeto (Engenharia Ambiental). Orientação: Marcel Fantin. São Carlos: SP, 2016-2017.

Disponível em: Representações cartográficas no município de Ubatuba – PDF

 

 

Saiu o livreto do INCRA sobre o Quilombo Cambury

O livreto sobre o Quilombo Cambury é da Coleção Terras de Quilombos.

As narrativas falam a respeito da formação, do modo de vida e das lutas travadas por comunidades quilombolas brasileiras para se manter em seus territórios tradicionais. Nesse livreto, a comunidade do Cambury é apresentada em sua singularidade. Uma homenagem tardia aos remanescentes de ex-escravizados que lutaram para conquistar a sua independência e se estabelecer na terra autonomamente. O fato de terem sido deixados à própria sorte após a Abolição resultou em uma multiplicidade de caminhos percorridos para conseguirem consolidar os seus territórios. Foram muitos os modos como ocuparam as suas terras e distintas as maneiras como formaram as suas comunidades, enfrentando todo tipo de desafios para se relacionarem livremente com seu entorno. O conceito de quilombo esteve associado ao período da colônia e do império. Com a Abolição, os quilombos deixaram de ser mencionados, como se o fim de quatro séculos de escravidão significasse a garantia de liberdade. No entanto, os quilombolas continuaram e continuam a lutar para reproduzir seus modos de criar, fazer e viver, resistindo às dificuldades, injustiças e preconcepções legadas pelo período escravocrata.

TODA RESISTÊNCIA É LEGÍTIMA!

Quilombo Cambury, 16 págs.

Referência:

Corrêa, Maíra Leal. Quilombo Camburi / Maíra Leal Corrêa. – Belo Horizonte: FAFICH, 2016.

Homenagem póstuma à memoria viva do Cambury

Sr. Genésio dos Santos (*27.03.1927 – +12.01.2019) fala sobre a grilagem das terras no Cambury e conta um pouco da história e da luta para a formação da Associação do Quilombo do Cambury. Liderança respeitada e o mais antigo morador da comunidade, o mestre foi um símbolo de resistência e luta para a preservação sociocultural do quilombo, ao lado de Simão Preto, que adotou a comunidade para viver e ajuntar forças para o reconhecimento e titulação das terras do quilombo. Em Cambury, vivem muitas famílias caiçaras e quilombolas protegidas pela lei conquistada com muito esforço, embora continuem sendo permanentemente ameaçadas pela tirania do mercado, a impotência e omissão do poder público.

Faleceu o mestre e líder da resistência quilombola: Sr. Genésio

Genésio dos Santos…

… a memória viva do quilombo do Cambury… Jamais será esquecido!!!

Sr. Genésio dos Santos, tinha 92 anos, nasceu em 27.03.1927, e faleceu ontem (12.01.2019). Estamos de Luto!

Provavelmente ele será sepultado no lugar onde ele mesmo construiu com suas mãos: o cemitério de Cambury que fica na praia. Foi um grande mestre do saber e liderança que ajudou a fundar o Quilombo de Cambury. Uma lenda viva que representa um símbolo da luta e resistência do povo negro, quilombola, caiçara e outros guerreiros tupinambás, como Guaixará, Aimberê e Cunhambebe, da região de Ubatuba.

Infelizmente, este homem simples que lutou muito com a vida, já se encontrava em uma cadeira de rodas, em razão de ter sofrido um derrame no início de 2011. Nas últimas visitas que lhe fiz, queixou-se muito que estava com problemas de pressão ocular e catarata, necessitava de intervenção cirúrgica, precisava de cuidados para se tratar e de muita ajuda dos familiares para comprar remédios…

O ESTADO SEMPRE ESTEVE AUSENTE, SOBRETUDO QUANDO O ASSUNTO É SAÚDE PÚBLICA…

…SOBRE A ATENÇÃO E CUIDADOS AOS IDOSOS, NEM SE FALA…

 

Sr. Genésio deixa um legado de memórias e saberes para a comunidade, e para o Brasil. Um homem simples que sempre manteve o entusiasmo e a alegria que contagiam os seus admiradores, com histórias, experiência e partículas de sabedoria que só uma vida sofrida e de luta poderia lhe dar. Antes de ser caiçara, faz questão de dizer que descende de quilombolas. As recordações do passado são as que ajudam a construir a identidade social de Cambury, opinião também compartilhada pelo líder mais importante da comunidade, Sr. Genésio dos Santos:

“Eu, essa pessoa, Genésio dos Santos, que aqui fala com vocês é descendência de quilombo, é descendência de escravos. Eu fui uma pessoa que nasci e me criei aqui. Com a idade de 18 anos eu comecei para andar a vida do mar. Fazendo pesca em barco de pesqueiro até Vitória, Rio de Janeiro. Eu já fui até Brasília, tenho oito Estados do Brasil andados, mas eu quero que o meu final seja aqui. Fundei o cemitério daqui, fui zelador. E eu quero fazer parte dele que fundei com a minha força, com a minha mão.” (Sr. Genésio dos Santos, 2012)

Sr. Genésio, casa de farinha

Sr. Genésio carregando seu inseparável cajado, na Casa de Farinha, hoje desativada.

Trecho de entrevista concedida em 2000, quando tinha 73 anos.

O exame atento da realidade caiçara nos levou à praia do Camburi para entrevistar a um ícone desta cultura, Genézio dos Santos de 73 anos cuja sabedoria e vivência são sinônimos dos descendentes de quilombolas. Nascido e criado no Camburi, homem de muitas vidas, sobreviveu a um naufrágio com seus 17 anos durante um dia inteiro, sendo levado pela correnteza contra a costeira, superou a nove internações e uma pneumonia. Mas nada disso impede do homem que tem sede e fome da sua bandeira brasileira, de palestrar a todos os que o procuram para relatar tudo que os seus olhos já viram…

Procurado por grupos de historiadores, turistas, escritores e repórter de lugares diversos, senhor Genézio é reconhecido no exterior. Já esteve até no senado em Brasília, acompanhado pelo senhor Inglês de 65 anos – também caiçara, morador do bairro – através do Projeto Martim Pescador. Descendente do mestre Basílio, quilombola, senhor Genézio diz ter nascido em berço de ouro, pois a fartura que a mãe terra oferecia na hora da colheita, era a maior riqueza que um homem poderia almejar. Plantava-se banana, batata doce, mandioca doce, inhame, taiova, milho, cana, que era usado tanto para consumo próprio quanto na alimentação dos animais domésticos como, porcos e galinhas.

O homem naquela época – explica o entrevistado – pescava seis meses, semeava e cultivava outros seis. A liberdade do homem era o trabalho, até onde o suor e a força braçal suportavam. Ele diz que o progresso é bom, mais tem um preço, pois o rio antes navegável onde servia de agasalho para os peixes, hoje com a Rodovia Rio Santos, virou um mangue pobre e assoreado. A natureza que tudo dava, hoje somente pode ser olhada e apreciada. Movido pela fé, ele acredita que há de chegar o dia em que os governantes hão de olhar para o Camburi, ponto final do estado de São Paulo, onde a luz elétrica, a estrada e tantas outras reivindicações são os maiores objetivos da comunidade. Acredita que com esta estruturapossa organizar melhor a vinda de turistas, que hoje usam a praia para acampar ao invés dos campings – na baixa estação- não pagando nada por isso. Ele e os outros moradores gostariam de uma orientação de quem tem o conhecimento de outras fontes de renda, porque com setenta e três anos não se tem mais a força de antes, e só de fé não consegue seu alimento, pois tudo que aprendeu durante toda sua vida foi naquela praia e que hoje só lhe serve para contar histórias. Senhor Genézio, fundou em 1967 o cemitério de Camburi, antes os corpos eram levados para o Ubatumirim. Ele fala que naquela época caixão era coisa raríssima, todos eram enterrados em redes a sete palmos da terra. Seus olhos também testemunharam e o fazem, os aparecimentos de diversos OVNIS – objetos voadores não identificados na região. Pai de sete filhos de criação, ele deixa uma mensagem aos jovens: “Que escutem o conselho e a obediência e sinceridade de todos os familiares, para que cresçam com a mensagem do bom caminho conseguindo na vida adulta o conforto da vida material e principalmente da vida espiritual ao lado de Deus quando perderem o fogo da vida aqui na face da terra”.

A entrevista realizada no Camburi nos permitiu, graças à ajuda de Claudia de Oliveira, observar com atenção as variantes da língua caiçara em uma transcrição quase literal do relato do entrevistado ante nossas perguntas.

“Todo mundo criava, um criava dez, otro criava 20, otro criava 30 cabeça de porco, né. Ai, meu pai tinha 25, 30. Então, quando foi uma época, meu pai disse ansi. Tinha dois bem gordo, e ele achava que era muito pra mata pra família. Ai eu me lembro como se fosse onti né. Um dia meu pai disse ansi: -Meu filho ocê vai no vizinho, na vizinhança, onde mora seus tio e oferece quem interessa em compra uns quilo de carne de porco, eu quero mata ele, mas acho que é muita carne pra família, ele ta muito gordo, muito cevado. Ai eu sai de manhã, tomei o café em casa e vim pela vizinhança, que tinha muita gente. Ai eu comecei a chega na casa dum, na casa de outro e oferece.

Sabe o que ele dizia ansi: Meu filho vem cá, o sofrimento que o seu pai ta sofrendo por não acha quem compre. Ai eu ia no chiquerão, no manguerão do porco, aonde tinha, tinha dois também, causo que todo mundo daquele lugar que o sinhô vê hoje, todo mundo criava, então não tinha preço. Agora digo para o sinhô essa criação o sinhô não sai no comercio para compra ração para o animal, então era criado com a alimentação da roça, que era a alimentação dos porco, então numa sumana era alimentado os porco com batata doce, otra sumana com abóbora cuzida com um poquinho de sal, minha mãe lembro bem, minha mãe cuzinhava aquele tachão, né, de abóbora todo cortado, todo picado, dexava esfria pra da aos animal, ai comia os porco, comia as galinha, comia os pato, comia os marreco, todos junto, tudo comia junto. Otra sumana era mandioca cozida. Esta mandioca que já comemo frita, então a gente ia na roça trazia dois, três saco de mandioca. Minha mãe mandava minhas irmã descasca, cortava tudo de pedaço, cuzinhava, colocava um poquinho de sal pra dexava esfria pra da pros animal. Então o sinhô sabe tinha uma soma de uma mistura da alimentação. Era a abóbora, era o inhame, era a taioba, era as banana madura. O sinhô sabe que a mistura é a vitamina melho pra criança e a criação de galinha é a banana madura. A banana madura é acima do milho para ela bota os ovo, desmancha de bota os ovo. Então, cosa que o sinhô não hoje aqui no Camburi.

Naquele tempo passado… Então ela usava, a mãe da criança a tisoura na cabeceira da cama fincada pra que a bruxa não visse o pobre imbigo da criança, isso eu ouvi fala muitas veis.

O que eu falo aqui pro sinhô, não ixisti, agora o eu ixistia no passado era satanás, era o diabo, ele fazia toda a visão e aparecia em forma de que? Em forma de um cavalo, dum cachorro grande pintado, em forma dum animal, não é! Então a turma olhava ansi, era um lobisome, ai botava o nome ansi de lobosime, mas tudo aquela figura. Hoje se contava que na praia, toda sexta-feira, já ouviu fala muito isso, se encontrava duas cabeça, uma batendo na outra fazendo aquela faísca de fogo, as vezes o viajado, pescadô contavom que tavam umas hora no mar, contavom. Otro que ia viajando duas pessoa pelo canto da praia, purque o sinhô sabe que naquele tempo não tinha estrada, saia no canto da praia. Então por muitas veis a pessoa desviava daquele dois encontro, né. Então dizia: _ Ah! Mula sem cabeça! Agora eu digo pro sinhô, sabe pruque que eu so contra estas coisa que to contando pro sinhô pruque muito me contavom, eu num vi isto não sinhô; eu vi otras cosas, otras cosas eu vo fala pro sinhô eu vi. Agora sabe que eu vo dize pro sinhô, que eu não desacredito, porque o livro sagrado, a palavra de Deus, a bíblia sagrada, que conta do começo do mundo, como foi a criação que seu Jesus, né, veio neste mundo, crio, o céu, a terra a forma das arvi e deu nóis aqui na face da terra. Então o sinhô não incontra lobisome, não encontra cavalo sem cabeça, não encontra bruxa, no livro sagrado, de tudo o sinhô encontra, menos isto. Agora satanás, o sinhô encontra. Agora fantasma, fantasma ta no livro, agora quero dize pro sinhô, satanás como esta relatado, ele fazia toda esta parte pra dize que era bruxa, que era cavalo sem cabeça, pruque não esta iscrito hoje isso, o sinhô não incontra nunca (sic).

Foto de Sr. Genésio antes de se tornar cadeirante. O detalhe é que não há quaisquer acessibilidade no Quilombo de Cambury. Faltam pontes, faltam rampas de acesso. A comunidade pretende se vingar na hora de votar!

Já tá passado, já tá com dois ano isto. Que neste horário de verão que entro agora, eu venho de Ubatuba, eu saio de Ubatuba 5h, no ônibus de 5h40 de lá pra cá, não é, que a pessoa chega de dia ainda aqui. Ai eu fui no ponto, na divisa lá em cima e vinha discendo, ai eu vinha com duas sacola, uma sacola aqui, ota aqui. E eu não desço no ponto daquele dali pruque da cobra, pruque do cachorro, nunca desço, quando vo viajá, escondo no mato na hora que eu venho eu pego. Ai o sinhô sabe que eu vinha vindo, quando eu chego aqui, já na viaje pra pega o Camburi descendo, aonde tem uma fabricação da compania dus Ingreis, tava descendo fui peguei uma laje de pedra ali, a laje de cimento, que tem ali no rio, na beira de cima, mas quando eu cheguei na tal da pedra do colete, que agora não tem mais, o mar que tombou a pedra, o nome era pedra do colete, muito bem. E eu avistei uma pessoa que ia daqui para cima na estradazinha assubindo, e tem uma pedra grande de quaguata de mangue aqui encostado, o sinhô descendo a direita, né. Ai eu olhei lá de cima, era o meu sobrinho o Zorinho, ali dono do barzinho ali, aonde tivemo, onde o sinhô falo comigo ali. Só que chego numa conta, ele foi se encostando, aquela pessoa foi encostando nesta pedra grande, encosto e ali desapareceu. Ai eu disse ansi: _ Que negocio é esse. O camarada ta de caso pensado, ele que faze uma tragédia ai comigo, o camarada se escondeu.

Ai eu fiquei meio cabrero, eu vim meu olhando, sondando. Ai o que acontece, num vi ninguém, olhei na pedra em cima, num vi ninguem, aonde será que ta este camarada, né? Ai tinha uma grota ansi nu fundo, ai eu digo ansi, o camarada foi faze um necessidade e ai foi e desceu este corgão ai e foi faze uma necessidade, ai tudo bem. Mas sondei, rodiei as pedra e num vi ninguém, de dia craro ainda. Ai quando peguei uma distancia mais ou meno que o camarada tinha sumido, como daqui o pé de abacate assi no pe da arvi ansi, eu pegava olha pra trais, quando olhei pra trás o homi, né. Olhei pra traz o cidadão em pé, já o camarada desceu, ai o sinhô vê que nisto o camarada virou muleque, aquele moço alto, viro muleque, virou aquele mulecão, eu digo muito bem. Eu disse ansi: _Puxa vida! O camarada é invisível, o camarada daqui eu não inxergo, quando eu disci um pouquinho, olhei pra traz ele tava em pé. Ai eu digo ansi: _ Eu vo vive que não menti, peguei as duas sacola que eu vinha trazendo, passei a mão no pau. Eu digo ansi:_ Eu consigo, eu digo ansi: Em nome do sinhô Jesus, eu digo ansi é o diabo, é o Satanás eu vo da uma paulada nele. Ai o sinhô sabe o que é, eu passei a mão no pau, no cacete, no meu cajado que eu vinha trazendo, passei e fui em busca dele, quando fui em busca dele ele desapareceu”.

Entrevistas concedidas por Sr. Genésio dos Santos, podem ser lidas no blog COISAS DE CAIÇARA:

I – http://ubatubense.blogspot.com/2012/02/especialentrevista-no-camburi-i.html

II – http://ubatubense.blogspot.com/2012/02/especialentrevista-no-camburi-ii.html

III – http://ubatubense.blogspot.com/2012/02/entrevista-no-camburi-iii.html

IV – http://ubatubense.blogspot.com/2012/02/entrevista-no-camburi-iv.html

V – http://ubatubense.blogspot.com/2012/02/entrevista-no-camburi-v.html#more

VI – http://www.coisasdecaicara.blogspot.com/2012/02/entrevista-no-camburi-vi.html

VII – http://www.coisasdecaicara.blogspot.com/2012/02/entrevista-no-camburi-vii.html

VIII – http://www.coisasdecaicara.blogspot.com/2012/02/entrevista-no-camburi-viii.html

IX – http://www.coisasdecaicara.blogspot.com/2012/02/entrevista-no-camburi-ix.html

X – http://www.coisasdecaicara.blogspot.com/2012/02/entrevista-no-camburi-x.html

FONTE: Ubatubense, por Silvio Cesar.

Caiçara e biblioteca viva do Cambury, Tia Alcina faleceu ontem!

Ontem, dia 09 de janeiro, às 8 horas da manhã, a querida Tia Alcina descansou, depois de uma longa vida desfrutada quase sempre com os mínimos vitais. Ao lado do Sr. Genésio dos Santos (que ainda está vivo), Tia Alcina era uma das Caiçaras mais idosas do Camburi. Durante muitos anos viveu numa casinha simples e era querida por todo mundo. Conforme já dizem “sempre brilhará nos corações e na memória da população caiçara e indígena do litoral norte! Sim. Porque ela era bastante conhecida entre os índios da região e uma das poucas mulheres a falar tupi!

Uma das mulheres mais sábias do Cambury das Pedras Ubatuba SP. A anciã era uma biblioteca viva, de histórias e memórias, sobre os acontecimentos da praia e do sertão do Cambury. No dia 04 de março de 2017 ela completaria 95 anos.

O Enterro estava previsto para às 10hs no Cemitério de Cambury

O velório aconteceu hoje dia 10 de janeiro no centro comunitário.

 

Assista ao vídeo em homenagem à Tia Alcina, que deixa muitas saudades.

 

Memórias do Cambury – Quilombolas e caiçaras
https://www.youtube.com/embed/WEZ2Al3dLkM

 

Cambury mais triste: nota de falecimento

Não faz muito tempo, faleceu o grande amigo caiçara Zé Roberto do Cambury, deixando a comunidade mais triste. Ontem, o Cambury perdeu uma de suas matriarcas, mulher guerreira, caiçara, esposa do falecido Sr. Miguel da Cruz e mãe da Rosa Laureana, Monca, Dica, Simão Branco, além de netos e netas. Dona Maria Laureana faleceu ontem (15/02/2016) e deixou muita saudade, muitas histórias, piadas e brincadeiras que só ela sabia contar. DESCANSE EM PAZ.

Abraço forte do amigo Violeiro a todos os familiares e amigos.

Caiçara é assassinado a tiros durante assalto em Cambury

Nesta madrugada de segunda-feira (06.abril) quadrilha de bandidos matou a tiros o caiçara de 74 anos, conhecido como Sr. Ailton, zelador do camping Ipê, desde a década de 1970. Não resistiu e morreu no local. O seu filho, de 20 anos, também foi baleado por criminosos após o assalto, ocorrido na praia do Cambury, em Ubatuba, no litoral norte de São Paulo.

Preço da vida: quadrilha fugiu com R$ 7 mil

De acordo com a Polícia Militar, cerca de quatro homens invadiram  a casa onde eles moravam no bairro Camburi e fugiram levando dinheiro. A polícia informou que a ação teve início por volta da meia-noite, quando os assaltantes renderam o idoso e a esposa dele pedindo dinheiro. Após ser ameaçado, o homem entregou uma quantia de R$ 7 mil aos criminosos, que ainda o levaram para o lado de fora da casa e pediram mais dinheiro.
Ao perceber que o idoso já tinha entregado todo dinheiro que tinha guardado, a quadrilha efetuou dois disparos contra ele. O homem, que era proprietário de um camping na cidade, ficou ferido no tórax e no abdômen. Ele não resistiu aos ferimentos e morreu no local.

Ao ouvir os tiros, o filho do casal que dormia no imóvel, saiu da casa e se deparou com os assaltantes. Ele foi atingido por um tiro no braço e encaminhado para a Santa Casa da cidade. Após a ação, os criminosos fugiram em motocicletas levando o dinheiro roubado. Ninguém foi preso e o caso será investigado pela Polícia Civil.

Camping Ipê

O Ypê Camping foi fundado no final da década de 1970 pelo Sr. Airton em uma área descampada de 50.000 metros quadrados em frente à Praia Mansa de Cambury, com a ajuda da Elza Fontenelle plantaram árvores frutíferas por todo o camping (araçazeiro, goiabeiras, cajuzeiros etc.), criando o espaço agradável que se tem hoje com sombras e frutas, fizeram também o primeiro restaurante na Vila e banheiros com chuveiro quente aquecido por caldeira (hoje os chuveiros são elétricos e a agua vem direto das cachoeiras).

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Cambury: sem terra e sem peixe, na unha do Estado!

Publicamos excelente documentário produzido pelo Via legal no Cambury. Em pouco mais de 5 (cinco) minutos, a obra descreve o impasse ambiental e a disputa pela posse da área que há muitos anos são o pesadelo dos moradores caiçaras e quilombolas do bairro do Cambury, localizado no Km. 1 da BR 101, divisa de Ubatuba com Paraty, litoral norte de São Paulo. Mostra o cotidiano da roça e do artesanato produzido na comunidade para gerar renda, já que NÃO TEM PEIXE, NEM TERRA PARA PLANTAR.

Os quilombolas vivem há mais de 200 anos no local, desde o tempo da “Toca da Josefa”, escrava que fugiu da escravidão e se escondeu no coração do sertão do Cambury. A briga para conseguir o título da terra começou há mais de uma década e envolve muitos outros aspectos, tais como grilagem, ocupação por moradores de fora, expropriação política, trabalho precarizado, subemprego, falta de saneamento básico e descaso do poder público…

OMISSÃO DO ESTADO EMPERRA A VIDA NO CAMBURY

A matéria do Via Legal ouviu a comunidade para esclarecer à sociedade as violações de direitos que emperra a vida desses moradores: saúde, educação, terra, trabalho e alimentação digna.

Convite: defesa dissertação – Estação Memória Cambury

Prezados amigos e amigas da Estação Memória Cambury!

Com prazer e alegria, publicamos este CONVITE, para que todos venham participar e assistir à Defesa Dissertação de Mestrado, cujo título é o seguinte:

Estação Memória Cambury: mediação cultural com os parceiros do rio que muda

 

Autor: EDISON LUÍS DOS SANTOS

Orientadora: Profa. Dra. IVETE PIERUCCINI

Nível: MESTRADO

 

DATA: 30 de setembro de 2013 – segunda-feira, 10:00 h.

LOCAL:

Escola de Comunicações e ArtesECA USP

Sala Egon Schaden, 1º andar,  Prédio Central

Mapa http://www3.eca.usp.br/localizacao

Conto com a presença de todos vocês, pois esta obra não é uma canoa de um só pau. Resultou do trabalho colaborativo, dos diálogos e trocas simbólicas compartilhadas ao longo de dois anos com os protagonistas (caiçaras e quilombolas) do Cambury.

Desde já, agradecemos a todos pelo esforço coletivo, apoio e amizade!!!

“Tudo vale a pena, se a alma não é pequena”. (Fernando Pessoa)

Beijos! E muita saúde a todos!

EDISON SANTOS – https://estacaomemoriacamburi.wordpress.com/

Futebol intercultural na praia do Cambury – Memória

Com prazer, registramos a memória de uma partida de futebol memorável: o torneio regional de futebol intercultural foi organizado por Sr. Badeco, caiçara sanfoneiro, sociabilidade e cotidiano na Praia do Cambury, Abril de 2012.

Título: Futebol intercultural na praia do Cambury | Ficha técnica: BRASIL, 2012, colorido., 12m59s.
Resumo: este vídeo contém o registro audiovisual de uma Partida de futebol especial, realizada em 22 de abril de 2012 no campinho oficial de Cambury, à beira da praia. O torneio entre equipes reuniu vários times do litoral norte, formados por caiçaras, quilombolas e indígenas. Além de momento importante na sociabilidade e trocas de informações entre os diversos grupos sociais, o evento foi organizado por Sr. Badeco, homem simples do Cambury, tocador de sanfona, que também treina o time feminino local.
Ao final das partidas, os participantes se reuniram no Bar do Isaías e Donato, de frente para o campo, para molhar o bico e conversar com os amigos.
Tags: Futebol, Educação, Cultura, Arte, Quilombo, Indios, Brasil, Cambury
Link para a VIDEOTECA DO CAMBURY NO Vimeo: https://vimeo.com/72148259

Incra e Palmares tem 90 dias para resolver o caso Cambury

A Justiça tenta resolver um conflito antigo entre posseiros e mais de 40 famílias quilombolas, em Cambury, Ubatuba.

A Constituinte cidadã de 1988 garante o direito à terra aos moradores que vivem em uma área remanescente de quilombos, há mais de 200 anos.

Mesmo se tratando de uma área transformada em Parque de uso público, o mais difícil de entender é: como podem os grileiros que se dizem “donos do local” tentar a reintegração de posse, de algo que não lhes pertence?

Após impasses e mal-entendidos entre as instâncias federal e estadual, o Incra se esforça para manter os moradores no local.

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VEJA O VÍDEO SOBRE A MATÉRIA:

http://g1.globo.com/sp/vale-do-paraiba-regiao/link-vanguarda/videos/t/edicoes/v/justica-tenta-resolver-conflito-entre-posseiros-e-familias-em-ubatuba-sp/2710103/

Segundo informe de Pedro Canário, em Consultor Jurídico, publicado em Racismo Ambiental:

A Justiça Federal de São Paulo concedeu liminar para transferir ao Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) a posse de um terreno em Ubatuba ocupado por uma comunidade remanescente de quilombolas. A decisão, da 1ª Vara Federal de Caraguatatuba, dá ao Incra e à Fundação Cultural Palmares (FCP) a posse provisória do terreno, pelo prazo de 90 dias, quando a questão deve ser reapreciada. A decisão é da sexta-feira (19/7).

O caso foi levado à Justiça Federal pelo Incra e pela FCP, representados pela Advocacia-Geral da União, por meio de Ação Civil Pública. A intenção das autarquias federais é tornar sem efeito sentença em uma ação de reintegração de posse que deu a um particular a titularidade sobre o terreno de cerca de mil hectares no litoral norte de São Paulo.

A decisão de reintegração de posse é da Justiça estadual, da 1ª Vara Cível de Ubatuba. A decisão foi dada em 1982, em face de um particular tido como líder da comunidade quilombola que hoje está no terreno. Como a disputa, nos anos 1980, se deu entre dois particulares, a União não foi citada e nem apareceu em qualquer dos polos.

O Incra entrou na questão em 2008, depois que o particular João Bento de Carvalho decidiu fazer a cumprir a sentença, que havia transitado em julgado em 1984. A intenção da autarquia é proteger os interesses da comunidade de 40 famílias que está naquela área há quase cem anos e lá já instalou escolas, clubes, áreas de convivência etc.

A intenção ao ajuizar a Ação Civil Pública, portanto, é tornar sem efeito a declaração de posse da terra ao particular: se a terra é ocupada por uma comunidade remanescente de quilombo, a posse deve ficar com ela. Na prática, o que o Incra pediu foi que a posse seja passada ao particular e logo depois transferida ao Incra, que a repassará à comunidade.

A liminar da sexta-feira afirma que “a fumaça do bom Direito” está ao lado do Incra: “Trata-se de comunidade remanescente de quilombo que ocupa a área há décadas e tem posse superveniente coletiva de índole constitucional, devidamente reconhecida”. A decisão argumenta que a Constituição Federal de 1988 deu às comunidades remanescentes de quilombo a posse de todas as terras que ocupavam quando da promulgação do texto constitucional.

Fonte: http://www.scoop.it/t/comunidades-remanescentes-de-quilombos

Oficina de Fotografia Pinhole no Cambury: resultados

A Estação Memória Cambury tem o prazer de compartilhar o BELÍSSIMO TRABALHO COLABORATIVO E EDUCATIVO desenvolvido pela Equipe do Mundo em Foco, ao longo de uma semana no Quilombo do Cambury, com a participação de jovens, crianças – caiçaras e quilombolas.

O trabalho foi fruto da Campanha: http://benfeitoria.com/clicknalata.-

Conforme publicamos no post anterior da https://estacaomemoriacamburi.wordpress.com/, o Projeto Click na Lata concretizou a Oficina de Fotografia Pinhole, com base no seguinte princípio:

“a oficina é um encontro lúdico, onde os alunos confeccionam primeiro uma Caixa Ótica (caixa de luz), e em seguida reciclam uma lata, transformando-a numa câmera fotográfica de orifício (câmera escura). Num laboratório improvisado, os próprios alunos “carregam”; após um passeio de experiências fotográficas pela comunidade, as crianças e jovens revelam, lavam e estendem num varal coletivo, suas fotos. A oficina é realizada com ‘pinceladas’ nas aulas que se aliam e alinham a qualquer componente curricular como Língua Portuguesa, História, Geografia, Matemática, Química, Física, entre outros. Ao final, é realizada uma exposição aberta aos pais, amigos e comunidade”.

Aproveitamos para felicitar a todos vocês, amigos do Cambury e a todos os parceiros envolvidos nesta AÇÃO CULTURAL – Oficina de Fotografia no Quilombo do Cambury. Um trabalho cultural criativo, participativo e educativo, que visa à apropriação de novos saberes informacionais e tecnológicos em grupos sociais vulneráveis social e economicamente, apesar de vivermos na “era da informação”.

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Parcerias envolvidas

Benfeitoria, Dorly Neto, Ozana Sousa E Sousa, Mauricio Alexandre, Vinicius Souza, Rodrigo Sousa E Sousa, Stephanie Modesto, Ecotrip Hostel Ubatuba Brazil, Liana Cunha, Memórias De Cambury (facebook), Estação Memória Cambury (site), Leandro Franco Minervino, Carol Garcez e demais colaboradores do Quilombo Cambury.

Fonte: Mundo em Foco.

Ação Cultural: começou a Oficina de Fotografia Pinhole

Ontem, dia 8 de Julho, teve início a Oficina de Fotografia Pinhole, no Quilombo do Cambury, e vai durar até o final de semana.

https://www.facebook.com/media/set/?set=a.412848572164760.1073741875.279706808812271&type=1

 

O que é o Projeto?

Desde 2004, o projeto Click na Lata e Cia atende crianças e jovens da periferia de São Paulo, ensinando-lhes a arte da Fotografia. No começo acontecia na Vila Maria Alta, Centro Social Leão XIII, sob o nome de Projeto Olho Mágico. Depois, consolidou-se em 2007, na SAMOSI – Sociedade Amigos dos Moradores de Vila Santa Inês, sendo contemplado/subsidiado com os prêmios Criando Asas – Instituto Asas/Red Bull e Instituto Criar de TV, Cinema e Novas Mídias (2007/2008), Programa VAI – Valorização às Iniciativas Culturais – Prefeitura de São Paulo (2008/2009), Prêmio Cultura Viva – Ponto de Cultura (2009-2012) e Prêmio Laureate – Universidade Anhembi-Morumbi/Laureate Foundation (2012).

 

Passados 9 anos de projeto, o Click na Lata e Cia… atendeu mais de 1000 pessoas, principalmente crianças e jovens, além de adultos, também curiosos. Realizou mais de 15 exposições e pelo menos 10 workshops, realizados em lugares variados como a Fundação Casa, Casas de Cultura, ONGs e Diversos eventos coletivos e colaborativos. A ideia do projeto, além de propiciar o primeiro contato com a arte da fotografia pinhole (câmera escura), é ampliar a visão de mundo das pessoas, fazendo-as perceber o seu mundo e seu entorno de maneira diferente. Incentivamos no aluno a descoberta e questionamos o seu olhar, por meio das oficinas.

 

A oficina é um encontro lúdico, onde os alunos confeccionam primeiro uma Caixa Ótica (caixa de luz), e em seguida reciclam uma lata, transformando-a numa câmera fotográfica de orifício (câmera escura). Num laboratório improvisado, os próprios alunos “carregam” e depois de um passeio fotográfico pela comunidade, revelam , lavam e estendem num varal coletivo, suas fotos. A oficina é realizada com “pinceladas” nas aulas que se aliam e alinham a qualquer componente curricular como Língua Portuguesa, História, Geografia, Matemática, Química, Física, entre outros. Ao final, é realizada uma exposição aberta aos pais, amigos e comunidade.

 

Click na Lata e Cia… é portanto o “carro-chefe” do Coletivo Mundo em Foco, formado em 2004, por jovens engajados com questões sociais que envolvem a comunidade. O grupo trabalha diretamente com diversas tecnologias e temas como: tv, vídeo, cinema, internet, fotografia, artes plásticas, meio ambiente, teatro, literatura, entre outros.

 

De onde surgiu a ideia de uma Oficina no Quilombo?

 

De um amigo, fotógrafo e apoiador do projeto, o fotógrafo Márcio Ramos, antigo morador de Ubatuba, que visitou a comunidade por muitas vezes ainda sem energia elétrica. Ele sempre teve o desejo de realizar uma oficina de fotografia, mas os novos trabalhos e desafios o impediram de retornar. O Márcio, quando nos conheceu em 2009, logo sugeriu de realizar uma oficina lá. A vontade sempre foi grande e acreditamos que dessa vez, conseguiremos. Impulsionados pelo Hub Fellowship – Jovens Empreendedores Sociais, nós do Mundo em Foco, resolvemos topar o desafio de levantar uma grana e realizar um sonho que vem atravessando os anos.

 

A oficina visa registrar a comunidade do Quilombo do Cambury, ajudando na documentação histórica do local, retratando seus costumes, suas crenças, memórias, saberes, artes, geografia e seu povo. Buscamos um intercâmbio cultural, onde a troca de saberes se fará presente e necessária. É nesse intuito de escuta, olhar o próximo, sentir suas necessidades e expor seus sentimentos por meio da arte que queremos estar presentes na localidade.

A oficina começou ontem, dia 8 e vai durar a semana toda!!!

LINKS PARA ENTENDER MELHOR:

 

Começou a Oficina de Fotografia Pinhole na sede da Associação quilombola do Cambury. No detalhe, Catarina e os jovens da comunidade. Julho 2013.

 

 

 

Fórum de Ubatuba decidirá a posse da terra, à revelia dos quilombolas do Cambury

Grileiros de terra tem o direito de morar no Parque Estadual da Serra do Mar?

Quem decide pelo destino de quilombolas e caiçaras do Cambury é o Fórum de Ubatuba?

Por que não foram convidados para reunião de terça-feira, dia 11 ???

Não é o Estado e a sociedade que deveriam reparar a EXPROPRIAÇÃO DE TERRAS no Cambury?

 

Integrantes da comunidade confirmam o adiamento para 12 de junho; reunião marcada próxima terça não terá participação dos moradores, os quais NÃO FORAM CONVIDADOS.

Os moradores do Quilombo Cambury, localizado na última praia de Ubatuba, na divisa dos estados de SP e RJ, vem sofrendo sucessivos GOLPES, tanto do poder público como de especuladores e GRILEIROS profissionais que atuam há mais de 40 anos na região. Sobre falta de médicos, saúde, transporte, educação, acessibilidade para idosos e cadeirantes, construção de pontes no Cambury, NINGUÉM FALA NADA, nem sequer TOCAM NO ASSUNTO, mesmo depois de registrado óbito de uma jovem de 14 anos na comunidade, por falta de saúde pública no bairro.

A decisão judicial que determina a reintegração de posse da área quilombola foi ADIADA PARA QUARTA-FEIRA, DIA 12 DE JUNHO. O processo (69/1976) está na 1ª Vara da Comarca de Ubatuba. De acordo com a advogada Juliana Graciolli, o mesmo correu à revelia dos moradores do quilombo e a sentença foi proferida há cerca de dois anos, logo após Sr. Genésio sofrer um derrame e virar cadeirante.

Sr. Genésio dos Santos sempre acompanhou de perto as investidas desses carniceiros que, agora, se aproveitam de sua imobilidade, por ser cadeirante aos 86 anos. Em outros tempos, estaria o HOMEM-MEMÓRIA do Cambury fazendo alarde perante esta injustiça cometida contra seu velho pai, obrigado a vender terras no escuro e assinar papel em branco, como tantos outros quilombolas e caiçaras que foram (e ainda são) manipulados pelos representantes do executivo, do legislativo e, agora, do judiciário. Nessas ocasiões, o Ministério Público quase sempre está ausente ou não é convidado.

REINTEGRAÇÃO DE POSSE BENEFICIA HERDEIRA DO MARIDO, GRILEIRO DE TERRAS…

https://estacaomemoriacamburi.wordpress.com/2013/06/07/grileira-de-terra-pede-a-reintegracao-de-posse-no-cambury/

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A reintegração de posse no Quilombo Cambury, que surpreendeu os moradores da comunidade, teve a sua data adiada até quarta feira, 12 de junho. As áreas afetadas são a Escolinha Jambeiro, o Ponto de Cultura e Sede da Associação Remanescentes de Quilombo do Cambury, além de diversas casas de quilombolas localizadas na Barra do Cambury. Na terça-feira, (11/06), acontecerá uma reunião no Fórum de Ubatuba para discutir a posse da terra. O juiz do caso Eduardo Passos Bhering Cardoso, a Procuradora Federal do 3° Ministério Público Federal (MPF) de São José dos Campos e o superintendente do Instituto Nacional da Reforma Agrária (Incra) são presenças confirmadas no encontro.

Nenhum representante do Quilombo foi convidado

Uma petição foi criada no dia 05 de junho pela Associação de Moradores Caiçaras e Quilombolas do Cambury, com o objetivo de interferir na decisão, e até agora já arrecadou 1070 assinaturas.

Leia o abaixo-assinado dos moradores, a petição e o histórico da reintegração de posse aqui.

FONTE: Matéria reformulada a partir de publicação em 10 de junho de 2013, no site http://litoralsustentavel.org.br.

GRILEIRA DE TERRA PEDE A REINTEGRAÇÃO DE POSSE NO CAMBURY

Após a morte do marido, conhecido em vários tribunais e acusado de vários processos criminais, Sr. José Bento de Carvalho, a herdeira das grilagens pede a reintegração de posse das TERRAS QUE O SEU MARIDO HAVIA EXPROPRIADO DOS QUILOMBOLAS.

O Quilombo Cambury está sofrendo uma reintegração de posse do espaço comunitário Escolinha Jambeiro, Ponto de Cultura e Sede da Associação Remanescentes de Quilombo do Cambury, e diversas casas de quilombolas localizada na Barra do Cambury.

A ação foi movida por Charlotte Lina Alexandra Bento de Carvalho, esposa do falecido João Bento de Carvalho, contra o Sr. Genésio dos Santos, 86 anos, processo este que se encontra na Vara da Comarca de Ubatuba 69/1976, número do processo 00031519768260642. O último julgamento da estância federal de Taubaté, concedeu o veredito do Excelentíssimo Juiz de Direito – Eduardo Passos Bhering Cardoso – contra a própria Comunidade de Quilombos do Cambury, com prazos para desocupação. As autoridades já foram notificadas, mas estamos pedindo para os amigos do Cambury que deem uma luz para reverter a situação.

A Sra. Charlotte é esposa do grileiro que responde a vários crimes na Justiça, incluindo processos de grilagem e compras ilegais de posse, derivados da especulação imobiliária.

No início da década de 1970, 80% do território do Quilombo do Camburi estava sob o domínio e posse de dois grandes compradores de terra, Francisco Munhoz e José Bento de Carvalho (seu marido, já falecido), que expulsaram os antigos moradores. Estes se deslocaram para as áreas mais íngremes, de mais difícil acesso, ou se mudaram para outras cidades do litoral paulista, como Santos.

Todos sabem que o nosso processo de titulação está tramitando na Câmara Conciliadora de Brasília, por um processo que o ICMBIO move pedindo parte da área quilombola. Enquanto esse processo não é julgado estamos à mercê de invasores e posseiros que tiram a paz e tentam desarticular a comunidade, movendo ações para desapropriar os quilombolas.

O INCRA nos notificou que não pode interferir na atual situação, pois o processo vem de 1976, antes da Constituição que se refere ao artigo 68 – direito a propriedade de terra aos quilombos. Se já tivessem julgado o processo na Câmara Conciliadora não estaríamos angustiado em deslocar as famílias que serão despejadas e tirarem o único espaço comunitário (coração e força do quilombo), a Escolinha Jambeiro.

Pedimos em nome da Associação Remanescentes do Quilombo de Cambury, por favor, que nos ajudem a solucionar este conflito, de forma pacífica. Salvem a Cultura e os Quilombolas do Cambury. Não temos tempo, pois a polícia pode chegar a qualquer momento para a desocupação e cumprir o mandato em 5 dias.

Desde já agradecemos sua atenção e aguardo uma luz de amparo.

Associação Remanescentes de Quilombo do Cambury – tel. 12 97431492

Pedimos a gentileza de assinarem a Petição:

https://estacaomemoriacamburi.wordpress.com/2013/06/05/peticao-quilombo-do-cambury-urgente/

No início da década de 1970, 80% do território do Quilombo do Camburi estava sob o domínio e posse de dois grandes compradores de terra, Francisco Munhoz e José Bento de Carvalho.

Petição Quilombo do Cambury – Urgente

A Associação de Quilombo do Cambury vem por meio desta pedir a intervenção dos órgãos governamentais, e sociedade civil, para a suspensão da ação de reintegração de posse que irá acontecer neste mês de junho na comunidade Quilombola de Cambury situada no município de Ubatuba SP. A comunidade foi pega de surpresa com essa decisão judicial que afetará inúmeras famílias, a escola, o ponto de cultura e a sede da associação comunidade, essa que se encontra dentro de uma unidade de conservação com dois parques sobrepondo seu território o Parque Estadual da Serra do Mar (PESM) e o Parque Nacional da Serra da Bocaina (PNSB).

Pedimos encarecidamente aos Deputados, Gestores, Atores de movimentos sociais e Sociedade em geral, que fazem parte da luta pelos direitos quilombolas que assinem a petição; bem como ajudem notificar os órgãos competentes, a exemplo do prefeito de Ubatuba Maurício Moromizato e entidades como INCRA, FCP, MPF, DPU, IPHAN, PNSB, PESM, MPE, Juiz Ricardo do Nascimento de Caraguatatuba etc., para que intercedam por esses quilombolas que se encontram em suas terras tradicionais há mais de 200 anos.

Importante

A petição reivindica a intervenção na reintegração de posse movida dentro da área quilombola (Quem está movendo a ação de reintegração? Pela lei federal, o território é quilombola, não de grileiros), que atingirá diversas famílias quilombolas, a sede da associação, a escolinha jambeiro – ponto de cultura, e todo o patrimônio imaterial e material do quilombo Cambury.

Os quilombolas e caiçaras do bairro contam com informações e medidas que possam auxiliar na tomada de decisões para alterar o processo, garantindo assim o direito de propriedade da terra e do patrimônio imaterial do quilombo Cambury.

http://www.avaaz.org/po/petition/intervencao_do_processo_de_reintegracao_de_posse_no_Quilombo_Cambury_1/?cpMSgeb

CASA DA FARINHA, documentário sobre raízes e memória quilombola

O vídeo CASA DA FARINHA foi exibido na TV Cultura em 18/04/2009, no programa Campus Documentário produzido como disciplina do curso de Rádio e TV da Univap Narra a luta de uma comunidade remanescente de quilombolas em busca de seu reconhecimento e do resgate de suas raízes, memórias e práticas socioculturais.

Direção e Roteiro: Paulo Aragão

Assistente de direção e Roteiro: Luciana Bertolini

Edição: Rodrigo Augusto

Narração: Thales Alves

Duração: 24 minutos.

VEJA OUTROS VÍDEOS NA SEÇÃO – MÍDIAS

Vídeo “Quilindo Quilombo”, de Davy Alexandrisky, na videoteca do Cambury

BIBLIOTECA DO QUILOMBO CAMBURY – http://tecnicabiblioteconomia.wordpress.com/

Sobre os quilombolas e o seu passado de luta. Assistam ao

Vídeo “Quilindo Quilombo”, de Davy Alexandrisky.

viaVídeo “Quilindo Quilombo”, de Davy Alexandrisky.

Produtos das Oficinas de Memória: Xilogravuras, Desenhos e Matrizes

APROPRIAÇÃO CULTURAL: ARTE, MEMÓRIA & INFORMAÇÃO

Os produtos culturais do Cambury são criações que expressam ideias, valores, atitudes e criatividade artística e que falam de memória e informação sobre o presente, o passado e o futuro, de origem popular (xilogravura como artesanato), os quais não tem a finalidade de abastecer o mercado de consumo, mas expressar os frutos da APROPRIAÇÃO SOCIAL DE SABERES, cujo valor simbólico e imaterial extrapolam os limites locais.

VISITE TAMBÉM A BIBLIOTECA DIGITAL DO CAMBURY: http://tecnicabiblioteconomia.wordpress.com/arte-xilogravura/

Inauguração da Videoteca Educativa

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viaInauguração da Videoteca Educativa.

ESPAÇO DE COMPARTILHAMENTO DE AUDIOVISUAIS E ANIMAÇÕES COM FINS EDUCACIONAIS, um trabalho voluntário da técnica de biblioteconomia, Patrícia Cristina, realizado no QUILOMBO DO CAMBURY, ESCOLINHA JAMBEIRO.

Passados presentes: memória viva africana

Histórias contadas por gerações, desde o século XIX, lembram aventuras de escravos que fugiram do tronco, maldades dos donos de fazendas e criam até alguns fantasmas. Essa memória está muito viva hoje nos remanescentes de quilombos no estado do Rio de Janeiro, onde também se mantêm tradições de origem africana, como o jogo do pau e o jongo.

Em 2011, com a conclusão do documentário “Passados Presentes, memória negra no sul fluminense”, o LABHOI (Laboratório de História Oral e Imagem da UFF) fecha um ciclo de filmes de pesquisa sobre a trajetória, a memória e o patrimônio cultural dos descendentes dos últimos escravos da antiga província do Rio de Janeiro.

A produção começou em 2005 com a realização de “Memórias do Cativeiro”. Essa primeira experiência fílmica abriu novos caminhos de comunicação, de linguagem e de pesquisa e despertou nas professoras Hebe Mattos e Martha Abreu o interesse em expandir e aprofundar acervo e a escrita historiográfica audiovisual do LABHOI (www.labhoi.uff.br).

Cada filme produziu e trabalhou o acervo a partir de um recorte de pesquisa específico, circulando por personagens, lugares, danças, desafios e expressões comuns. Juntos, os diferentes pontos de vista sobre a história dos descendentes dos últimos escravos da antiga província do Rio de Janeiro se somam, permitindo uma visão mais ampla e complexa de cada um dos temas trabalhados.

A coletânea LABHOI da UFF, intitulada Passados presentes, reúne os seguintes filmes:

Para adquirir a coletânea acesse o site da Editora da UFF: www.editora.uff.br

Fonte: http://www.labhoi.uff.br/passadospresentes/

Ilha de Anchieta: do Inferno ao Paraíso – documentário

DO INFERNO AO PARAISO – DOCUMENTÁRIO IMPERDIVEL

Dia 26 de Abril, em Ubatuba, no Auditório do Sobradão do Porto, ocorrerá a estreia do filme documentário “Do INFERNO AO PARAÍSO” (A Rebelião da Ilha Anchieta ), com o apoio da Prefeitura de Ubatuba e da Fundart. O documentário retrata a história verídica daquela que foi considerada a maior rebelião de presos do mundo, ocorrida em 1952 na Ilha Anchieta – Ubatuba – SP. Conta com depoimentos do Tenente Samuel Messias de Oliveira e demais personalidades. A estreia em São Paulo está prevista para o mês de Junho.

Sinopse

O documentário “DO INFERNO AO PARAÍSO-ILHA ANCHIETA”, uma realização da ND PRODUÇÕES com direção de Dimas Oliveira Junior e José Inácio da SIlva, conta a história de talvez a maior rebelião de presos do mundo, ocorrida em 20 de Junho de 1952, no Presídio de Segurança Máxima da Ilha Anchieta (Ubatuba-SP). Com depoimentos do escritor e pesquisador Tenente Samuel Messias de Oliveira e de sobreviventes da rebelião, o documentário apresenta fatos inéditos sobre o fato, justamente neste ano em que se comemoram 60 anos da sangrenta rebelião. Tempo total do documentário: 60 minutos.

Realização: ND Produções Artísticas; Produção: 2012

 

Do inferno ao paraíso

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Assista o trailer do documentário

 

Fonte: http://youtu.be/bcNc5L4EE0A

Declaração Internacional dos Direitos à Memória da Terra

O texto abaixo foi elaborado a 13 de junho de 1991 em Digne-Les-Bains, França, durante o Primeiro Simpósio Internacional sobre a Proteção do Patrimônio Geológico:

1 – Assim como cada vida humana é considerada única, não é chegado o tempo de reconhecer também a condição única da Terra?

2 – A Terra, nossa Mãe, é base e suporte de nossas vidas. Somos todos ligados à Terra. A Terra é o elo de união entre todos nós.

3 – A Terra, com quatro bilhões de anos e meio de idade, é o berço da Vida, da renovação e das metamorfoses de todos seres vivos. Seu longo processo de evolução, seu lento amadurecimento, deu forma ao ambiente no qual vivemos.

4 – Nossa história e a história da Terra estão intimamente entrelaçadas. As origens de uma são as origens de outra. A história da Terra é nossa história, o futuro da Terra será nosso futuro.

5 – A face da Terra, a sua feição, são o ambiente do Homem. O ambiente de hoje é diferente do ambiente de ontem e será diferente também no futuro. O Homem não é senão um dos momentos da Terra. Não é uma finalidade, é uma condição efêmera e transitória.

6 – Da mesma forma como uma velha árvore registra em seu tronco a memória de seu crescimento e de sua vida, assim também a Terra guarda a memória do seu passado… Uma memória gravada em níveis profundos ou superficiais. Nas rochas, nos fósseis e nas paisagens, a Terra preserva uma memória passível de ser lida e decifrada.

7 – Atualmente, o Homem sabe proteger sua memória: seu patrimônio cultural. O ser humano sempre se preocupou com a preservação da memória, do patrimônio cultural. Apenas agora começou a proteger seu patrimônio natural, o ambiente imediato. É chegado o tempo de aprender a proteger o passado da Terra e, por meio dessa proteção, aprender a conhecê-lo. Essa memória antecede a memória humana. É um novo patrimônio: o patrimônio geológico, um livro escrito muito antes de nosso aparecimento sobre o Planeta.

8 – O Homem e a Terra compartilham uma mesma herança, um patrimônio comum. Cada ser humano e cada governo não são senão meros usufrutuários e depositários desse patrimônio. Todos os seres humanos devem compreender que a menor depredação do patrimônio geológico é uma mutilação que conduz a sua destruição, a uma perda irremediável. Todas as formas do desenvolvimento devem respeitar e levar em conta o valor e a singularidade desse patrimônio.

9 – Os participantes do 1° Simpósio Internacional sobre a Proteção do Patrimônio Geológico, composto por mais de uma centena de especialistas de trinta diferentes nações, solicitam com urgência a todas as autoridades nacionais e internacionais que levem em consideração a proteção do patrimônio geológico, por meio de todas as necessárias medidas legais, financeiras e organizacionais.

A tradução é de Carlos Fernando de Moura Delphim.

Fonte: http://portal.iphan.gov.br

Até tu, Dilma? Verba dos quilombolas está presa nos cofres do governo

Só 14% da verba para ações quilombolas foi usada em 2012

Instituto de Advocacia Racial e Ambiental (Iara) pediu à Comissão de Direitos Humanos que solicite auditoria do Tribunal de Contas da União no Programa Brasil Quilombola

A maior parte da verba destinada ao financiamento de ações para a comunidade quilombola em 2012 continua dentro dos cofres do governo federal. Segundo levantamento realizado pelo Instituto de Advocacia Racial e Ambiental (Iara) no Siga Brasil, sistema de informações sobre orçamento público, somente 14% dos recursos para a área foram usados no ano passado. Os dados mostram que, do montante autorizado para custear ações nas áreas de educação, saúde, agricultura, cultura, enfrentamento ao racismo e saneamento básico para essas comunidades – R$ 407 milhões – foram pagos até 31 de dezembro R$ 56,9 milhões. Outros R$ 310 milhões foram empenhados para financiar serviços, mas não é possível afirmar que eles se efetivaram. O restante, R$ 41 milhões, não chegou a ser previsto para utilização.

O maior volume de recursos efetivamente executado foi destinado às ações para a promoção de intercâmbios culturais afro-brasileiros. Dos R$ 415 mil destinados aos projetos com essa finalidade, 68,29% foram gastos. Os projetos de desenvolvimento sustentável de povos e comunidades tradicionais e agricultores familiares utilizaram R$ 385 mil, 44% da verba autorizada para isso. Alguns programas não executaram nenhum real do recurso liberado. É o caso dos R$ 4,2 milhões reservados para a “assistência técnica e extensão rural para comunidades quilombolas”. Nada foi gasto também com o fortalecimento das organizações representativas dessas comunidades, para o qual se previa gastar R$ 450 mil.

O instituto responsável pela análise dos dados do Siga Brasil apresentou um relatório sobre o tema à Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados. No documento, os representantes do instituto pedem que os deputados da comissão solicitem ao Tribunal de Contas da União (TCU) uma auditoria no Programa Brasil Quilombola.

Questão de saúde pública quilombola

Há outras áreas em que os recursos deixaram de ser empregados. No início do ano, R$ 1,2 milhão estava garantido para financiar projetos de atenção à saúde nessas comunidades. Apenas R$ 179 mil foram empenhados, mas não saíram do papel. A garantia de equipamentos culturais também ficou no papel: teve 1,78% da verba aplicada.

O Programa Brasil Quilombola, que está sob a responsabilidade da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir), reúne um conjunto de ações governamentais, de diferentes órgãos e ministérios, para essas comunidades. Uma das dificuldades, segundo aponta Neto, é certificar as comunidades remanescentes de quilombos. “Somente as áreas certificadas recebem os recursos e os programas federais”, diz. Até julho de 2012, 1,9 mil comunidades foram reconhecidas oficialmente. Mas os dados apontam a existência de mais de 3 mil em todo o País.

Fonte: http://ultimosegundo.ig.com.br/brasil/2013-03-26/so-14-da-verba-para-acoes-quilombolas-foi-usada-em-2012.html

 

Memória viva da cultura de Cambury “Vai quem quer”

Bloco carnavalesco do Cambury “Vai quem quer”

A elite cultural do país costuma ignorar a existência das festas populares. A boa notícia é que em 2013, o bloco de carnaval popular do Cambury “Vai quem quer” foi reconhecido pela Fundart e a Secretaria de Cultura do município, como um dos mais antigos da cidade de Ubatuba.

O idealizador e promotor da tradicional marcha de carnaval é o caiçara conhecido como Simão Preto, homem simples, cordial e hospitaleiro, que mora no setor Jambeiro do bairro do Cambury, entre o mangue e a praia. Lá, ele recebe vários amigos e outros amantes do samba para se divertir, trocar ideias e pensar formas de intervenção cultural na região norte do estado de São Paulo, bastante esquecida pelo poder público há algumas décadas.

Simão Preto, mestre e regente do tradicional bloco do Vai Quem Qué, divide seu quintal com uma comunidade de guaiamuns, caranguejos de restinga. Neste vídeo ele nos conta como seus inquilinos reagem à presença da luz. “É o guaiamum em choque com a noite que reluz! Óh que saudade!”

Simão Preto é como um mestre griô que reúne amigos em torno do canto, da música e do batuque dos tambores, expressão cultural que faz parte da tradição dos moradores caiçaras e quilombolas do bairro do Cambury, divisa entre os estados de São Paulo e Rio de Janeiro.

Veja galeria de imagens sobre o Bloco de Carnaval “Vai Quem Quer”, organizado por Simão Preto, na praia do Cambury:

https://estacaomemoriacamburi.wordpress.com/protagonistas/simao-preto/.

Camiseta oficial do bloco de carnaval do Cambury "Vai quem quer", 10 de fevereiro de 2013.

Camiseta oficial do bloco de carnaval do Cambury “Vai quem quer”, 10 de fevereiro de 2013.

Melhoria da Saúde Pública em Cambury: Abaixo-assinados

Assunto: Melhoria da saúde pública no bairro do Cambury.

Ao Excelentíssimo Senhor Prefeito do Município de Ubatuba

Sr. Maurício Moromizato

À V. Ex.ª, Secretário de Saúde do Município de Ubatuba.

Nós, cidadãos brasileiros, abaixo-assinados, residentes e domiciliados no bairro do Cambury, Ubatuba-SP, bem como turistas e amigos da comunidade, devidamente identificados, vimos respeitosamente à presença de Vossa Excelência solicitar especial atenção às nossas reivindicações aqui manifestas, a fim de que providências sejam tomadas pela Prefeitura do Município, através da Secretaria Municipal de Saúde e Órgãos competentes, o mais breve possível.

Requeremos atendimento de saúde DIÁRIO e PERMANENTE, no PAS Posto de Saúde do Cambury, localizado na Rua Principal, S/N, Cambury, Ubatuba-SP nas especialidades de maior urgência: CLÍNICA GERAL e PEDIATRIA.

Assim, confiantes de que nosso pleito será deferido, e acreditando na seriedade que V. Exa. tem ao assumir seu mandato em janeiro de 2013, encaminhamos 2 (duas) vias do presente, aguardando o pronto atendimento às nossas reivindicações para melhorar a qualidade da saúde pública no bairro do Cambury.

Ubatuba-SP, 07 de Fevereiro de 2013.

Subscrevemos,

  • Associação de Remanescentes do Quilombo do Cambury – ARQC

  • Associação dos Moradores e Amigos do Cambury – AMAC

  • Estação Memória Camburyhttps://estacaomemoriacamburi.wordpress.com/
  • Ponto de Cultura Quilombola Escolinha Jambeiro

Pedimos a todos que tem solidariedade a gentileza de reproduzir, recolher assinaturas e enviar para a Sede da Associação do Quilombo do Cambury, a fim de encaminharmos o PROTOCOLO junto à Prefeitura de Ubatuba.

Associação Remanescentes de Quilombo do Cambury – Ponto de Cultura
Rua Benedito Santos n 50 Bairro do Cambury – Ubatuba-SP
cep.11680-970 caixa postal 18
tel. 12 97431492 ou 96343367

Link para compartilhamento, cópia, reprodução e difusão:

https://docs.google.com/file/d/0B_VaioslFmAFNHVTWG5lZlo1Y3c/edit?usp=sharing

Atenciosamente,

Editores da Estação de Memórias Cambury.

Vamos aumentar a corrente de apoio do Cambury

Estação Memória Camburi

País rico é país com educação e saúde pública dignas de todos os brasileiros.

Jovem artista morre de meningite no quilombo do Cambury, Ubatuba

:::::: Segunda-feira, 21 de janeiro, foi um dia muito triste no Quilombo do Cambury.

A adolescente quilombola, Luciana Cruz dos Santos, filha de Dona Cremilda (Catarina) e Sr. Salustiano FALECEU, depois de sentir febre muito alta e dores na nuca, já na sexta-feira. O óbito diz que foi meningite bacteriana. Outros membros da família foram vacinados, mas a comunidade não recebeu a mesma atenção, sob alegação de que o preço das vacinas era muito alto. Não tinha prá todo mundo!!!

Conforme relato de um turista que esteve em Cambury: em 2011 ele passou “quase um ano direto no Cambury, morando no seu Donato em frente ao posto de saúde” e constatou ao longo deste período que “o médico só aparecia uma vez por mês, ficando o…

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Educar é preciso, mas a ciência está cega e o Estado, omisso!

A todos os amigos e amigas da Estação de Memórias Cambury que têm se manifestado neste espaço público infoeducativo, em especial, ao Sr. Paulo Piza Machado, queremos agradecer pelo envio de comentários, críticas, desabafos, apoio; todas essas mensagens estão sendo compartilhados com o(a)s jovens do Cambury que estiverem conectados às redes sociais – link: https://www.facebook.com/estacaomemoriacambury.

Seria muito bom que a Estação de Memórias do Cambury tivesse mais pessoas que participassem desse diálogo, aberto e franco, como tem acontecido nesses últimos dias, com a notícia da morte de Luciana Cruz dos Santos. Infelizmente, nenhum jornal, folhetim, programa de rádio ou quaisquer mídias do município noticiaram o fato, que é de interesse público: diz respeito à saúde dos cidadãos ubatubenses!

Nossos sinceros agradecimentos aos Amigos do Cambury! Estamos buscando as vias de diálogo: afinal, já denunciamos neste espaço a violação dos direitos humanos na comunidade, a falta de acessibilidade e abandono dos idosos, ausência de pontes para locomoção dos moradores do Jambeiro etc. Parece pouco, mas antes disso Cambury sequer aparecia na internet; a Escolinha Jambeiro foi beneficiada com o Programa Arca das Letras, mas não havia mediadores de leitura… No mais, e quase sempre, o bairro era confundido com outra Camburi, que fica em São Sebastião.

A expropriação dos moradores do Cambury tem início com os primeiros grileiros que roubaram suas terras, obrigando-os a assinar papéis em branco, como fizeram com os avós de Luciana, fato que o seu pai, Sr. Salustiano, cansou de denunciar. Não bastasse a discriminação disseminada por parte de alguns turistas que, infelizmente, compraram a ideia de que o Quilombo é apenas o lugar onde mora um “bando de negros pobres”, confinados no morro Jambeiro, que vivem à revelia do poder público, “sem Estado, sem Lei, nem Rei!!!”.

Na condição de amigo da comunidade, na qual sou conhecido por “Violeiro” desde o ano de 1986, também sinto-me INDIGNADO e por esta razão torno públicos meu descrédito, desconfiança e dúvida sobre o papel da Ciência e do Estado, na atualidade:

“As ações culturais da Estação de Memórias Cambury – dispositivo de informação e comunicação digital – tem o objetivo de registrar a memória histórica e cultural da comunidade caiçara e quilombola de Cambury (documentos, fotografias, vídeos, relatos de vida, produtos artísticos etc.), por esta razão entendemos que este espaço de diálogo também é crítico, democrático e aberto. Sempre que possível, não nos limitaremos a informar, mas também discutir e criar. A morte de uma artista quilombola, que participava ativamente de nosso projeto de pesquisa, revela que a ciência está cega e o Estado, omisso e impotente. Se as ciências médicas ao menos ajudassem a mitigar os problemas de saúde da população pobre e negra de Ubatuba… Se o Estado cumprisse seu dever de oferecer serviços de saúde dignos… Certamente, ambos estimulariam possibilidades transformadoras tanto para a sociedade como para si mesmos. Diante de tanta incerteza, oportunamente informamos à comunidade científica que um protagonista de nossa pesquisa morreu de meningite bacteriana. E mais, sem vacinas no município, a família não foi imunizada, tampouco os moradores do quilombo e da praia. Tais fatos deveriam envergonhar qualquer poder executivo. Sentimos que doravante há um vazio insubstituível na comunidade, comprometendo sobremaneira a continuidade de um trabalho investigativo que visa justamente o diálogo entre o saber científico e os saberes do homem simples. Não menos relevante é o desconforto que sentimos e por isso não podemos deixar de manifestar um “GRITO DE PROTESTO” contra a precária situação da saúde pública de Ubatuba que precisa ser denunciada e superada.”

(SP, 29 de janeiro de 2013)
Edison Santos – pesquisador CNPq-DTI-B, PPGCI-ECA, USP.

Veja a Galeria de Arte com as gravuras produzidas por Luciana Cruz – https://estacaomemoriacamburi.wordpress.com/protagonistas/luciana-cruz/

Jambeiro que chora

A arte fala por si mesma. Nesta obra produzida por Luciana, intitulada “Jambeiro”, parece que vemos uma árvore que chora. Prova da Autora (PA), xilo, P&B em contraste dourado, 20.nov.2012. Autoria: Luciana Cruz dos Santos.

Continuamos divulgando este espaço nas redes sociais: https://estacaomemoriacamburi.wordpress.com

CARTA DE REIVINDICAÇÕES: DIREITO À SAÚDE NO CAMBURY

JOVEM QUILOMBOLA MORRE DE MENINGITE – “NÃO HÁ VACINAS” EM UBATUBA!

CARTA DE REIVINDICAÇÕES A ALESP

Viemos por meio desta Carta comunicar o óbito da adolescente quilombola, Luciana Cruz dos Santos, 14 anos, no quilombo do Cambury, no dia 21 de janeiro de 2013. Ela faleceu de meningite bacteriana por falta de atendimento especializado. Na ocasião, representantes da Secretaria de Saúde de Ubatuba estiveram no quilombo e alegaram que “não há vacinas para toda a comunidade”. Que os preços da vacina eram “muito altos”, caracterizando o desconhecimento do direito humano à SAÚDE E À VIDA.

Exigimos providências e soluções urgentes para sanar a precariedade do Serviço Público de Saúde do município de Ubatuba; os quilombolas e caicaras do bairro do Cambury exigem que se cumpram os direitos da Constituição; que haja imediata contratação de médicos, que exerçam PLANTÃO MÉDICO DIÁRIO, e não ocasional (atualmente, vem uma vez por mês) no postinho de Saúde do bairro do Cambury, nas especialidades Pediatria, Geriatria, Gincologia, Clínica Geral e Vacinas.

Oportunamente, registre-se o fato para que tomem ciência: o modesto cemitério do Cambury, onde será sepultada a jovem falecida, foi construído pelas mãos do ancião Sr. Genésio dos Santos, mas este local sagrado para os moradores foi tomado por Camping particular, Agroindustrial Ipê, que construiu enorme lixeira, não reciclável, ao lado do local cercado à visitação, o que é um deliberado assinte à memória dos antepassados quilombola e caiçara.

Convidamos todos aqueles que têm solidariedade e lamentam a morte da jovem artista Luciana Cruz a divulgarem nossas reivindicações na internet, ou enviando e-mails para os deputados da Assembleia Legislativa de SP: Seguem os endereços eletrônicos, de domínio público (só copiar e colar):

spedro@al.sp.gov.br, rfelicio@al.sp.gov.br, salmeida@al.sp.gov.br, tiaopt@uol.com.br, sberaldo@al.sp.gov.br, tiaozinho@al.sp.gov.br, adilsonbarroso@al.sp.gov.br, adiogo@al.sp.gov.br, deputadoafanasio@al.sp.gov.br, padreafonso@al.sp.gov.br, turcoloco@al.sp.gov.br, ademarchi@al.sp.gov.br, anadocarmopt@al.sp.gov.br, amartins@al.sp.gov.br, afernandes@al.sp.gov.br, amentor@al.sp.gov.br, scuriati@al.sp.gov.br, ajardim@al.sp.gov.br, aapinto@al.sp.gov.br, baleiarossi@al.sp.gov.br, bsahao@al.sp.gov.br, cmachado@al.sp.gov.br, cvaccarezza@al.sp.gov.br, carlosneder@al.sp.gov.br, cleao@al.sp.gov.br, ccardoso@al.sp.gov.br, clopes@al.sp.gov.br, coronelubiratan@al.sp.gov.br, dpbraga@al.sp.gov.br, echedid@al.sp.gov.br, eaparecido@al.sp.gov.br, eferrarini@al.sp.gov.br, egomes@al.sp.gov.br, ecorrea@al.sp.gov.br, eniotatto@al.sp.gov.br, ffigueira@al.sp.gov.br, bispoge@al.sp.gov.br, geraldolopes@al.sp.gov.br, geraldovinholi@hotmail.com, gibamarson@al.sp.gov.br, deputado@gilsondesouza.com.br, hpereira@al.sp.gov.br, havanir@al.sp.gov.br, italopt@uol.com.br, jcaramez@al.sp.gov.br, jdonizette@al.sp.gov.br, jcaruso@al.sp.gov.br, jbittencourt@al.sp.gov.br, jccrespo@al.sp.gov.br, jcstangarlini@al.sp.gov.br, jdilson@al.sp.gov.br, gabinete@josezico.com.br, lcgondim@al.sp.gov.br, mbueno@al.sp.gov.br, madantas@al.sp.gov.br, mlamary@al.sp.gov.br, mlprandi@al.sp.gov.br, mreali@al.sp.gov.br, mtortorello@al.sp.gov.br, mbragato@al.sp.gov.br, mmenuchi@al.sp.gov.br, gabmiltonflavio@al.sp.gov.br, mvieira@al.sp.gov.br, gabinete@nivaldosantana.com.br, omorando@al.sp.gov.br, pthomeu@al.sp.gov.br, psergio@al.sp.gov.br, ptobias@al.sp.gov.br, rsilva@al.sp.gov.br, rsimoes@al.sp.gov.br, rcastilho@al.sp.gov.br, rtripoli@al.sp.gov.br, ralves@al.sp.gov.br, rengler@al.sp.gov.br, rfelicio@al.sp.gov.br, rmorais@al.sp.gov.br, rcsilva@al.sp.gov.br, rgarcia@al.sp.gov.br, rnogueira@al.sp.gov.br, rtuma@al.sp.gov.br, rbarbiere@al.sp.gov.br, delrose@al.sp.gov.br, saidmourad@al.sp.gov.br, salmeida@al.sp.gov.br, tiaopt@uol.com.br, sberaldo@al.sp.gov.br, spedro@al.sp.gov.br, ssantos@al.sp.gov.br, tiaozinho@al.sp.gov.br, vlopes@al.sp.gov.br, vsiraque@al.sp.gov.br, vlima@al.sp.gov.br, vcandido@al.sp.gov.br, vcamarinha@al.sp.gov.br, vsapienza@al.sp.gov.br, wsalustiano@al.sp.gov.br, wagnello@al.sp.gov.br, zmassih@al.sp.gov.br

Criança quilombola morre de meningite em Cambury!

Não há vacinas para as pessoas que mantiveram contato. Só a mãe é vacinada!

O médico vem ao postinho uma vez por mês.

Os moradores do Cambury estão orfãos de Luciana, por descaso e omissão do poder público!!!

Cambury exige PROVIDÊNCIAS

https://estacaomemoriacamburi.wordpress.com/2013/01/22/miseria-da-saude-publica-em-ubatuba-cambury-esta-de-luto/

DIVULGUEM NAS REDES SOCIAIS – “CARTA DE REIVINDICAÇÕES A ALESP

https://estacaomemoriacamburi.wordpress.com/2013/01/26/carta-de-reivindicacoes-a-assembleia-legislativa-sp/

http://www.facebook.com/clinicadotexto/posts/277856212340909

O QUE É MENINGITE?

Meningite é uma infecção que se instala principalmente quando uma bactéria ou vírus, por alguma razão, consegue vencer as defesas do organismo e atacam as meninges, três membranas que envolvem e protegem o encéfalo, a medula espinhal e outras partes do sistema nervoso central. Mais raramente, as meningites podem ser provocadas por fungos ou pelo bacilo de Koch, causador da tuberculose.

Sintomas

a) Meningites virais

Nas meningites virais, o quadro é mais leve. Os sintomas se assemelham aos das gripes e resfriados. A doença acomete principalmente as crianças, que têm febre, dor de cabeça, um pouco de rigidez da nuca, inapetência e ficam irritadas. Uma vez que os exames tenham comprovado tratar-se de meningite viral, a conduta é esperar que o caso se resolva sozinho, como acontece com as outras viroses.

b) Meningites bacterianas

As meningites bacterianas são mais graves e devem ser tratadas imediatamente. Os principais agentes causadores da doença são as bactérias meningococos, pneumococos e hemófilos, transmitidas pelas vias respiratórias ou associadas a quadros infecciosos de ouvido, por exemplo.

Em pouco tempo, os sintomas aparecem: febre alta, mal-estar, vômitos, dor forte de cabeça e no pescoço, dificuldade para encostar o queixo no peito e, às vezes, manchas vermelhas espalhadas pelo corpo. Esse é um sinal de que a infecção está se alastrando rapidamente pelo sangue e o risco de septicemia aumenta muito. Nos bebês, a moleira fica elevada.

Importante: os sintomas característicos dos quadros de meningite viral ou bacteriana nunca devem ser desconsiderados, especialmente em duas faixas etárias extremas: nos primeiros anos de vida e quando as pessoas começam a envelhecer. Na presença de sinais que possam sugerir a doença, a pessoa deve ser encaminhada para atendimento médico de urgência.

Diagnóstico

Todos os tipos de meningite são de comunicação compulsória para as autoridades sanitárias. O diagnóstico baseia-se na avaliação clínica do paciente e no exame do líquor, líquido que envolve o sistema nervoso, para identificar o tipo do agente infeccioso envolvido.

Se houver suspeita de meningite bacteriana, é fundamental introduzir os medicamentos adequados, antes mesmo de saírem os resultados do exame laboratorial. O risco de sequelas graves cresce à medida que se retarda o diagnóstico e o início do tratamento. As lesões neurológicas que a doença provoca nesses casos podem ser irreversíveis.

Fonte: informações obtidas no site drauziovarella.com.br.

Saiba o que aconteceu em Cambury:

https://estacaomemoriacamburi.wordpress.com/2013/01/22/miseria-da-saude-publica-em-ubatuba-cambury-esta-de-luto/

Luciana Cruz dos Santos morreu de meningite bacteriana no dia 21 de janeiro. Ela foi participante ativa das ações culturais desenvolvidas em 2012.

Meningite mata jovem artista quilombola em Ubatuba: Cambury está de Luto

País rico é país com educação e saúde pública dignas de todos os brasileiros.

Jovem artista morre de meningite no quilombo do Cambury, Ubatuba

:::::: Segunda-feira, 21 de janeiro, foi um dia muito triste no Quilombo do Cambury.

A adolescente quilombola, Luciana Cruz dos Santos, filha de Dona Cremilda (Catarina) e Sr. Salustiano FALECEU, depois de sentir febre muito alta e dores na nuca, já na sexta-feira. O óbito diz que foi meningite bacteriana. Outros membros da família foram vacinados, mas a comunidade não recebeu a mesma atenção, sob alegação de que o preço das vacinas era muito alto. Não tinha prá todo mundo!!!

Conforme relato de um turista que esteve em Cambury: em 2011 ele passou “quase um ano direto no Cambury, morando no seu Donato em frente ao posto de saúde” e constatou ao longo deste período que “o médico só aparecia uma vez por mês, ficando o trabalho de saúde nas costas das enfermeiras que compareciam diariamente, trabalhando sem recursos”.

Há um problema sério e crônico: falta de qualidade no atendimento ambulatorial e precariendade do sistema de saúde da região de Ubatuba. Não há infraestrutura, tampouco saneamento básico e, conforme já denunciamos aqui: FALTAM MÉDICOS no posto de saúde do Cambury, no qual aparece alguém de 15 em 15 dias, conforme já disseram os moradores caiçaras e quilombolas do Cambury.

A Estação de Memórias do Cambury tem mais uma grande dúvida quanto a um registro fotográfico realizado em 09 de abril de 2012, quando estivemos presentes para visitar o Programa Arca das Letras da Escola Municipal do Cambury. Ao lado fica o “postinho” de saúde. O médico não estava evidentemente, mas na entrada havia um bilhete curioso, no qual NÃO CONSTA o nome de Luciana Cruz dos Santos como beneficiária do serviço de vacinação. Não deveria haver mais rigor no controle epidemiológico por parte da Secretaria de Saúde do município de Ubatuba? Se esqueceram da Lulu? Não teria ela ficado menos imunizada? De onde veio esta bactéria? Quem trouxe, levou embora? Há mais gente correndo riscos de perder a vida?

Questão: Numa comunidade em que prevalece a cultura oral, não seria mais adequado bater de casa em casa (conversar), do que se valer de um dispositivo tão complexo como a escrita caligráfica?

Quem era a Lulu?

Lulu iria completar 15 anos. Uma menina forte, tímida, sorridente e muito trabalhadora. Ajudava os pais e irmãos, era inteligente e se apropriou rapidamente dos saberes artísticos desenvolvidos pelas Oficinas de Memória e Xilogravura. Sempre chegava mais cedo na Escolinha Jambeiro, varria o espaço, esforçava-se para aprender com dedicação e carinho. O resultado evidentemente foi a transformação, de si mesma e do mundo à sua volta: ela transformou os signos e significados de sua vida em ARTE. Foi com grande prazer que comemoramos a entrega do primeiro certificado a ela, a quem foi confiada a tarefa de ensinar o que aprendera aos jovens quilombolas e caiçaras que não puderam participar.

Certificado de reconhecimento concedido à melhor aprendiz de Xilogravura, nas duas edições da Oficina de Memória, Informação e Escrita.

Certificado de reconhecimento concedido à melhor aprendiz de Xilogravura, nas duas edições da Oficina de Memória, Informação e Escrita.

Luciana era uma criança bastante apegada às atividades lúdicas e pedagógicas da Escolinha Jambeiro, desde pequena sempre participou de todas as ações da Escolinha Jambeiro.

Estamos todos muito tristes. Guardaremos a doce lembrança de seus sorrisos, e a ternura de seu carinho. Sempre será a “caçulinha do Cambury”, como disse Andreia Arantes, sua professora.

Destaque das Oficinas de Desenho e Xilogravura: Luciana Cruz foi a primeira a receber o certificado, pela aplicação e dedicação:

Participante ativa das ações culturais desenvolvidas em 2012.

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GALERIA DE ARTE DA LULU

ESTADO QUE MATA…POR NÃO OFERECER SERVIÇOS DE SAÚDE QUALIFICADOS

Lamentamos profundamente o que aconteceu. Luciana Cruz dos Santos foi o grande destaque nas Oficinas de Xilogravura. Aprendeu com amor e dedicação. Seria a nossa multiplicadora da arte xilográfica. Estamos magoados e INDIGNADOS. Queremos manifestar nossos pêsames. Como é que nosso sistema de saúde AINDA deixa uma jovem quilombola morrer de meningite?

Os serviços de saúde em Ubatuba SÃO PRECÁRIOS, INSUFICIENTES, MAL ADMINISTRADOS E COM FUNCIONÁRIOS MAL PAGOS

Exigimos providências e soluções para tantas questões ainda sem resposta. Chega de DESCASO e DESPREZO.

Por que as crianças quilombolas não tem uma atenção adequada por parte do poder público?

DECRETAMOS LUTO OFICIAL NA ESTAÇÃO DE MEMÓRIAS CAMBURY.

Fica a mensagem:

Jamais apagarão da memória as páginas construídas pelos protagonistas do Cambury, sejam eles idosos, mulheres, jovens ou crianças.

Os êxitos de 2012!

Os duendes de estatísticas do WordPress.com prepararam um relatório para o ano de 2012 deste blog.

Aqui está um resumo:

600 pessoas chegaram ao topo do Monte Everest em 2012. Este blog tem cerca de 5.800 visualizações em 2012. Se cada pessoa que chegou ao topo do Monte Everest visitasse este blog, levaria 10 anos para ter este tanto de visitação.

Clique aqui para ver o relatório completo

Terra deu Terra come

TERRA DEU TERRA COME

Direção: Rodrigo Siqueira, col., tempo de duração = 1:29:32.

Pedro de Almeida, garimpeiro de 81 anos de idade, comanda como mestre de cerimônias o velório, o cortejo fúnebre e o enterro de João Batista, que morreu com 120 anos. O ritual sucede-se no quilombo Quartel do Indaiá, distrito de Diamantina, Minas Gerais. Com uma canequinha esmaltada, ele joga as últimas gotas de cachaça sobre o cadáver já assentado na cova: “O que você queria taí! Nós não bebeu ela não, a sua taí. Vai e não volta pra me atentar por causa disso não. Faz sua viagem em paz”.

Dessa maneira acaba o sepultamento de João Batista, após 17 horas de velório, choro, riso, farra, reza, silêncios, tristeza. No cortejo, muita cantoria com os versos dos vissungos, tradição herdada da áfrica. Descendente de escravos que trabalhavam na extração de diamantes, nas Minas Gerais do tempo do Brasil Império, Pedro é um dos últimos conhecedores dos vissungos, as cantigas em dialeto banguela, cantadas durante os rituais fúnebres da região, que eram muito comuns nos séculos 18 e 19.

Garimpeiro de muita sorte, Pedro já encontrou diamantes de tesouros enterrados pelos antigos escravos, na região de Diamantina. Mas, o primeiro diamante que encontrou, há 70 anos, o tio com quem trabalhava o enterrou e morreu sem dizer onde. Depois disso, vive sempre em uma sinuca: para reencontrar o diamante só se invocar a alma de seu tio João dos Santos. “É um diamante e tanto, você precisa ver que botão de mágoa.” Ao conduzir o funeral de João Batista, Pedro desfia histórias carregadas de poesia e significados metafísicos, que nos põem em dúvida o tempo inteiro: João Batista tinha pacto com o Diabo? O Diabo existe? Estamos sozinhos, ou as almas também estão entre nós? Como Deus inventou a Morte?

A atuação de Pedro e seus familiares frente à câmera nos provoca pela sua dramaturgia espontânea, uma auto-mise-en-scène instigante. No filme, não se sabe o que é fato e o que é representação, o que é verdade e o que é um conto, documentário ou ficção, o que é cinema e o que é vida, o que é africano e o que é mineiro, brasileiro.

Entre 2010 e 2011 o filme conquistou os mais relevantes prêmios consagrados aos documentários no Brasil. Também recebeu o reconhecimento dos mais importantes críticos de cinema do país.

TERRA DEU TERRA COME venceu o prêmio International Young Talent Competition – Generation DOK – no 53º DOK LEIPZIG, Alemanha, um dos mais tradicionais e importantes festivais de documentários da Europa. Eis as palavras do júri do festival:

“O filme vencedor levou os juízes a um mundo completamente desconhecido (e evidentemente quase esquecido). Seu personagem central — um indivíduo admirável e mesmerizante — é o tipo de pessoa que provavelmente só aparece uma vez na vida de um documentarista. O registro de sua ligação com um mundo de rituais e mitos, à beira do desaparecimento, é a um tempo fascinante e de relevância histórica. O filme claramente se beneficiou do acesso exclusivo (do diretor ao personagem), ganho ao longo de um período de tempo extenso e trabalhado com grande senso artístico. O filme expõe um mundo sobre o qual nada conhecíamos, e o faz de uma maneira encantadora, prazerosa e, por vezes, emotiva, que certamente descortina um novo território e abre as portas para uma verdadeira experiência de documentário.”

 

TERRA DEU TERRA COME é um filme cheio de encantos e encantamentos. Pedro de Alexina, 81 anos, comanda como mestre de cerimônias o funeral de João Batista, morto aos 120 anos. Documentário, memória e ficção se misturam para tecer uma história fantástica que retrata um canto metafísico do sertão mineiro. É preciso ver para crer !!!

http://youtu.be/HP4lxu404vg

Partilhanto arte, cultura e informação

AÇÃO CULTURAL: SEMANA da CONSCIÊNCIA NEGRA em CAMBURY

O mês de novembro foi bastante movimentado no espaço cultural do Quilombo do Cambury. Entre os dias 15 e 20 de novembro, aconteceu a Segunda Edição das OFICINAS DE MEMÓRIA E XILOGRAVURA, na Escolinha Jambeiro, localizada na sede da Associação Quilombola de Cambury – Ubatuba, SP.

As atividades pedagógicas foram preparadas com antecedência e fizeram parte de uma ação cultural mais ampla, com o intuito de comemorar o Dia Nacional da Consciência Negra e a inauguração do novo espaço físico da Escolinha Jambeiro, que foi reformada com a ajuda e o entusiasmo de três jovens quilombolas (Ueliton, Alex e Vaguinho); a verba do MinC previa a renovação do telhado, a reforma da cozinha, acabamento e pintura novos.

As “Oficinas de Memória: Arte, Cultura e Informação” são práticas infoeducativas que visam a estimular a interação, o diálogo e a aprendizagem de novos saberes entre idosos e crianças. O evento, aberto ao público em geral, contou com a participação de vários educadores (Valter, Wilson, Renata, Otávio e Edison), que trocaram experiências e saberes com os jovens (quilombolas e caiçaras), visitantes e outros amigos da comunidade quilombola de Cambury.

O dia 15 de novembro foi reservado para a preparação do ESPAÇO INFOEDUCATIVO, organização de mesas, cadeiras, materiais pedagógicos, telão para projeção de audiovisual, lousa, mural de fotografias, livros, internet, entre outros recursos, que deveriam ficar à disposição dos participantes. Nesse mesmo dia, à tarde, o Sr. Salustiano (68 anos, pescador, agricultor e quilombola) gravou depoimento, contando algumas histórias, passagens de sua vida e outras curiosidades do tempo em que largou a roça para trabalhar na indústria da pesca. No dia 16 de novembro foi exibido o filme Canoa caiçara.

Assista o filme – https://estacaomemoriacamburi.wordpress.com/historia/fazendo-canoa/

Com dez anos de experiência na arte de fazer e de ensinar Xilogravura, o educador Valter Luz deu início às Oficinas, enfatizando a importância dos relatos orais dos idosos, os fazeres tradicionais, pesca, artesanato, casa de farinha, canoa caiçara etc., para em seguida dar início à Jornada Cultural, com a Oficina de desenho básico: https://estacaomemoriacamburi.wordpress.com/cursosoficinas/desenho/.

Oficina de xilogravura: gravação e impressão

Houve contação da história da xilogravura e apresentação dos materiais usados nesta técnica. Os participantes foram orientados a buscar inspiração nas referências locais: paisagens, fauna, flora, seres humanos em suas ações e objetos que manipulam, utilizando as noções de desenho básico, desenvolvidas na oficina anterior. Mais detalhes da Oficina de Xilogravura podem ser obtidos nos links:

Galeria de imagens: registros visuais

Diálogo com a música: construindo instrumentos a partir de materiais recicláveis

Aconteceu a atividade, e as crianças participaram, embora fossem poucas. Embora pareça desimportante, a construção do Kazu, um brinquedo simples, de garrafa pet e saco plástico, tem importância e simbologia marcantes: por um lado se lida com o reaproveitamento de materiais descartados; por outro, remete aos sons da boca: fala, expressão, opinião. Indicadores disso foram a timidez, a princípio: as crianças e os jovens ficaram acanhadas para tirar sons quando estavam perto de nós e dos (das) colegas, mas em casa, ou sozinhas, aventuraram, aprenderam, e, melhor: voltaram para dar retorno, mostrar que aprenderam. Num próximo encontro podemos mostrar que é possível criar pequenas peças musicais, improvisando, com os Kazus, sonoridades que constroem músicas experimentais muito ricas. Mas o resultado será mais eficaz se nós, educadores, fizermos isso juntos, antes; pois, o maior aprendizado se dá sempre pelo exemplo. (relato de Wilson Rocha, músico e educador, 27.11.2012)

DEPOIMENTO

A visita ao Quilombo de Cambury foi muito importante: conheci um pouco a realidade daquela comunidade, desde o lado bom de viverem em plena natureza, até as dificuldades de falta de água e outros recursos, naturais, financeiros, e relativos a educação, saúde etc.

Achei importante haver ali a Escola Jambeiro, com toda uma estrutura de acesso à internet e aprendizado de informática, filmes, vídeos e discos à mancheia: não vi muitos livros, e isso é necessário. Proponho que na próxima visita façamos uma doação de livros, para a Escolinha Jambeiro ou diretamente para as famílias – ou para ambas.

Vamos pensar também na alfabetização. Mesmo que não seja possível a frequência de aulas, dá pra fazer instalações, afixar cartazes, atribuir/delegar atividades aos jovens que estudam, para que ajudem os demais a lerem. (Wilson Rocha, músico e educador)

Ao final dos trabalhos, houve a exposição dos produtos culturais:

Em ritmo de tartaruga: só uma comunidade reconhecida em 2012

O Estado de S.Paulo, 19/11/2012

Segundo antropóloga demora se deve à falta de estrutura do Incra para atender a uma crescente demanda

As dificuldades do Incra não afetam só os projetos de reforma agrária. A demarcação de terras de comunidades quilombolas, de responsabilidade daquela instituição, também está quase paralisada. Na semana passada, às vésperas do Dia da Consciência Negra, que se comemora amanhã, a Comissão Pró Índio de São Paulo divulgou um levantamento mostrando que neste ano apenas uma comunidade conseguiu obter o título de posse definitivo da terra com apoio do Incra. No ano passado foi registrada a mesma marca.

De acordo com a antropóloga Lúcia Andrade, coordenadora da Comissão Pró Índio e responsável pelo levantamento, existem quase 3 mil comunidades quilombolas no País. Desse total, cerca de mil já abriram processos reivindicando a demarcação e a titulação das terras em que vivem. A maior parte, porém, não passou sequer da fase inicial. “Calculamos que 87% não têm nem o relatório inicial de identificação do território, a partir do qual se pode discutir, contestar ou confirmar a reivindicação dos quilombolas”, explica a antropóloga.

A demora, na avaliação dela, se deve à falta de estrutura do Incra para atender à demanda. “O governo federal, no governo do presidente Lula, encarregou o Incra de levar adiante essa tarefa, o que foi muito positivo, mas não preparou a instituição para isso”, diz Lúcia. “Apesar de insuficientes, os recursos do Incra para demarcação e titulação não são gastos integralmente, devido à falta de pessoal. Faltam técnicos em levantamento fundiário, antropólogos, agrônomos e geógrafos.”

Desfavorável. Em todo o País, 193 comunidades quilombolas já conseguiram documentos de titularidade das terras em que vivem. Na maioria das vezes, foram concedidos por governos estaduais. O Pará lidera a lista, com 45 títulos desde 1995.

Na esfera do governo federal, as comunidades obtiveram 12 títulos nos oito anos do mandato do presidente Lula. A média, portanto, seria 1,5 título por ano. “Não é um número favorável para o Lula”, diz Lúcia.

Ela contesta a informação normalmente dada por assessores do governo de que as principais dificuldades para a demarcação e titulação de terras estariam no Judiciário. “O número de processos parados no Judiciário não chega a 20”, afirma. “O problema maior está no Executivo. O Incra não dá conta da tarefa.”

Lúcia explica que a obtenção das terras de quilombos é mais complicada do que no caso das áreas para assentamentos. “Na reforma agrária normalmente se discute a desapropriação de uma fazenda, enquanto um quilombo frequentemente envolve terras de várias propriedades.”

Protesto. A crítica da antropóloga é reforçada por Reginaldo Aguiar, diretor da Confederação Nacional das Associações dos Servidores do Incra. “As deficiências do instituto estão aumentando a cada dia”, afirma.

Ele observa que a greve de funcionários que paralisou quase totalmente a instituição neste ano também foi para protestar contra o descaso do governo. “Logo no início do ano, cortou 25% do orçamento. Depois, contingenciou parte dos recursos. Por outro lado, não realiza concursos para a contratação de mais funcionários nem realiza a reestruturação do Incra, prometida desde o governo Lula.”

Segundo a assessoria do Incra, do orçamento de R$ 47 milhões destinados à questão dos quilombolas neste ano, 87,5% já teriam sido empenhados./R.A.

http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,demarcacoes-de-quilombos–tambem-seguem-em-ritmo-lento-,962075,0.htm

 


Consciência Negra? Apenas uma comunidade quilombola foi reconhecida em 2012

Maioria dos descentes de negros explorados na escravidão continua sem direito de acesso à terra garantido, segundo levantamento da Comissão Pró-Índio de São Paulo

Por Bianca Pyl e Daniel Santini

A maioria dos descendentes de negros explorados como escravos no Brasil segue sem direito de acesso à terra garantido. Este ano, apenas uma comunidade quilombola, a do Quilombo Chácara de Buriti, de Campo Grande (MS), conseguiu título de posse definitiva por parte do Governo Federal. Mesmo assim, foram reconhecidos somente 12 hectares dos 44 hectares identificados no Relatório de Identificação de Territórios Quilombolas (RTID) e reinvidicados pelos moradores. Até hoje, 193 terras quilombolas receberam títulos. Estima-se que existam 3.000 comunidades no Brasil e há mais de mil processos abertos aguardando conclusão no Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). As informações fazem parte de levantamento feito pela Comissão Pró-Índio de São Paulo (CPI-SP) divulgado nesta semana.

Além do Quilombo Chácara do Buriti, mais duas comunidades tiveram acesso à terra garantido, apesar de ainda não terem títulos definitivos. São elas a Cafundó (SP) e a Invernada dos Negros, também conhecida como Fazenda Conquista, em Campos Novos (SC). Ambos foram beneficiadas pela Concessão Real de Uso Coletivo para Terras Quilombolas, medida prevista no artigo 24 da Instrução Normativa do Incra número 57 de 2009. A concessão não é o título definitivo, mas permite que os quilombolas ocupem e utilizem economicamente as terras, antes que o processo de titulação chegue ao fim. Antes de 2012, tal mecanismo ainda não havia sido utilizado pelo Incra.

No ano passado, também apenas uma comunidade conquistou a posse definitiva. É difícil acompanhar o andamento dos pedidos de reconhecimento. A este respeito, em reunião com representantes de comunidades quilombolas, em 29 de outubro, o presidente do Incra, Carlos Guedes, prometeu mudanças. “Vamos tornar público o acesso aos processos, etapa por etapa, área por área”, afirmou, argumentando que nem sempre é simples fazer o reconhecimento. “Isto [a abertura dos dados] vai externar a complexidade, pois alguns contam com processos envolvendo terras públicas, sobretudo no Norte e Nordeste e outras com áreas particulares, principalmente no Centro-Sul Brasileiro”.

O representante do Governo Federal anunciou no encontro que o Incra vai destinar R$ 1,2 milhão para os Relatórios de Identificação de Territórios Quilombolas (RTID).

Nenhum título foi reconhecido por governos estaduais este ano, segundo a CPI-SP.

Reconhecimento oficial
Até receber o título, as comunidades enfrentam longo processo (confira aqui como se dá uma titulação, passo a passo). Os procedimentos para a identificação e titulação das terras quilombolas são orientados por legislação federal e por legislações estaduais.

Em 2012, não só poucas titulações foram concluídas, como também houve uma redução no número de decisões que permitem o andamento dos processos. De acordo com o levantamento da CPI-SP, até outubro deste ano foram publicadas quatro Portarias de Reconhecimento pelo Presidente do Incra e sete Relatórios de Identificação de Territórios Quilombolas (RTID). É menos da metade das dez Portarias e 21 RTIDs efetivadas em 2011, quando também foi emitido um Decreto de Desapropriação, da comunidade Brejo dos Crioulos (MG).

Nem sempre, o andamento dos processos é tranquilo. Um exemplo disso é o caso da comunidade quilombola Rio dos Macacos, localizada em Simões Filho (BA), que teve parte de sua área doada para a Marinha. O Incra abriu processo de titulação em 2011 e chegou a produzir o RTID que identificou as terras, mas o documento não foi publicado devido ao impasse criado. Agora a Marinha tenta conseguir na Justiça a expulsão dos quilombolas enquanto a União propõe que as famílias sejam transferidas para local de 23 hectares, bem menos do que os 300 hectares originais. A comunidade rejeitou a proposta e o impasse permanece.

O Dia Nacional da Consciência Negra é celebrado em 20 de novembro no Brasil. A data foi escolhida como um marco para reflexão sobre direitos e desigualdades no país trata-se de um momento importante para discussões sobre traumas do passado e pespectivas de superação histórica de violências cometidas ao longo da história do país.

 

Leia também:
Só uma comunidade quilombola recebeu título federal em 2011

Dia da Consciência Negra:
Especial Terras Quilombolas – Comissão Pró-Índio de São Paulo
Dia Nacional da Consciência Negra – Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial
Relação de cidades que decretaram feriado em 20 de novembro

http://www.reporterbrasil.org.br/exibe.php?id=2132

Livro traz nova abordagem sobre a escravidão colonial no Brasil

Ganhador do prêmio Jabuti, livro aborda a política da escravidão no Império.

Por Karina Toledo, Agência FAPESP

Um pacto velado entre senhores de escravos e políticos do Império prolongou por pelo menos 20 anos o tráfico de escravos no Brasil e submeteu ao cativeiro mais de 700 mil africanos que, à letra da lei, deveriam ter desembarcado no país como homens livres.

A constatação foi feita pelo historiador Tâmis Parron no livro A política da escravidão no Império do Brasil: 1826-1865 (Editora Civilização Brasileira), vencedor do 54º Prêmio Jabuti na categoria “Ciências Humanas”. A obra foi publicada em maio de 2011 com apoio da FAPESP.

A ideia inicial, acrescentou, era acompanhar os debates sobre a escravidão no Parlamento brasileiro sob o prisma dos defensores do cativeiro e do tráfico negreiro.

Durante o levantamento documental, feito nos arquivos da Assembleia Legislativa de São Paulo, da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, Parron encontrou diversas petições coletivas de senhores de escravos pedindo a anulação de uma lei de 1831 – quase 20 anos anterior à Lei Eusébio de Queirós, que proibiu o tráfico negreiro no Brasil – segundo a qual todos os africanos que desembarcassem no Brasil seriam considerados livres.

“A lei veio para complementar o tratado feito com a Inglaterra em 1826 no qual o Brasil se comprometia a abolir o tráfico de escravos em troca da intermediação inglesa pelo reconhecimento da independência brasileira”, contou o historiador.

De fato, chegou a haver um declínio no tráfico negreiro entre 1831 e 1834, mas criou-se um arranjo entre os políticos imperiais e os senhores de escravos do Vale do Paraíba, sul de Minas Gerais, recôncavo baiano e zona da mata pernambucana para que a lei nunca fosse aplicada.

“A lei não chegou a ser anulada, pois a Inglaterra ao perceber o movimento começou a fazer pressão contrária. Mas foi suspensa a partir de 1835 e só voltou a ter validade após 1870, quando o sistema escravagista entrou em crise”, disse.

Graças a esse acordo, nos 15 anos seguintes foram trazidos ao Brasil cerca de 700 mil africanos. “Pela lei, seriam homens livres. Na prática, foram 700 mil homens escravizados. Foi o primeiro crime em massa cometido no Brasil após a independência”, destacou Parron.

Ação cultural no Quilombo de Cambury – 15 a 20 novembro

Está chegando a hora de comemorarmos a SEMANA CONSCIÊNCIA NEGRA!!!

Imagem

Saiba como chegar: km.1 rodovia 101, divisa SP-RJ

 

15 nov (quinta-feira) ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||

10h – APRESENTAÇÃO

Início Oficina

DESENHO BÁSICO

MOSTRA GRAVURAS

DJANIRA/PINACOTECA

14h – NARRATIVA

Jogo do conto

Memória oral/escrita

17h Saberes locais (vídeos)

Canoa Caiçara *, 2009, col., 25 m.

Casa da Farinha, 1970, col., 13 m.

Pesquisar Infoteca digitalEMC

18h – Bate papo – Conversa

 

16 nov (sexta-feira) ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||

10h – XILOGRAVURA

TÉCNICA ENTALHE

14h – CORDEL

LEITURA

PESQUISA (biblioteca/internet)

Filme Mostra –Tarde/Noite

CAFUNDÓ *, BRA, 2006, col., 101 m.

Bate papo – Conversa

17 nov (sábado) |||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||

MATINÊ – Filme Mostra

14h – Kiriku e a feiticeira*, 1998, col., 71m.

Bate papo – Conversa

 

19h – ENCONTRO MUSICAL

Cantos Afro e Caiçara (audições)

 

Filme Mostra –Tarde/Noite

BESOURO *, BRA, 2009, col., 94 m.

Bate papo – Conversa

18 nov (domingo) |||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||

10h – XILOGRAVURA

TÉCNICA ENTALHE

14h – XILOGRAVURA

TÉCNICA IMPRESSÃO

 

16h – EXPERIMENTAÇÃO MUSICAL

Memória Auditiva

Filme Mostra – Tarde/Noite

CHICO REI *, BRA, 1986, col., 115 m.

Bate papo – Conversa

19 nov (segunda-feira)||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||

9h

OFICINA DE RESTAURO E CRIAÇÃO DE INSTRUMENTOS MUSICAIS

Ensaios / secagem de impressões

Filme Mostra – Tarde  

Atabaque de nzinga*, BRA, 2007, 87 min.

Ori*, BRA, 1989, 53 min.

Bate papo – Conversa

 

20 nov – Dia Nacional da Consciência Negra ||||||||||||||||||||||||

9 às 18hs

EXPOSIÇÃO

FOTOGRAFIA DESENHO, XILOGRAVURA

MOSTRA DE CURTAS – CINEPIPOCA**

Construtores – Zumbi

Dos grilhões ao quilombo

Retrato em preto e branco

LANCHE COLETIVO – FESTA

RODA

DANÇA

CIRANDA

Circo Aries Marioto

CAPOEIRA

O CONVITE ESTÁ ABERTO A TODOS QUE DESEJAM PARTICIPAR.

(?) Horários a confirmar no local.

Poderá haver remanejamento dos filmes e horários.

(*) Idade recomendada: Acima dos 12 anos.

(**) Censura livre.

 

Inscrições para as Oficinas podem ser feitas no local.

Todas as Atividades Culturais são GRATUITAS e abertas aos participantes!

 

Divulgue: as Oficinas de Memória: Arte, Cultura e Informação http://wp.me/p22aTC-8V 

Oficinas de Memória: Arte, Cultura e Informação

Está chegando a hora de comemorarmos a SEMANA CONSCIÊNCIA NEGRA!!!

 Participe e convide os seus amigos!!!

PROGRAMAÇÃO

Oficinas de Memória: Arte, Cultura e Informação

15 a 20 de Novembro 2012

Escolinha Jambeiro, Cambury, Ubatuba, SP

escolinhajambeiro@gmail.com

15 nov (quinta-feira) ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||

10h – APRESENTAÇÃO

Início Oficina

DESENHO BÁSICO

MOSTRA GRAVURAS

DJANIRA/PINACOTECA

14h – NARRATIVA

Jogo do conto

Memória oral/escrita

17h Saberes locais (vídeos)

Canoa Caiçara *, 2009, col., 25 m.

Casa da Farinha, 1970, col., 13 m.

Pesquisar Infoteca digitalEMC

18h – Bate papo – Conversa

 

16 nov (sexta-feira) ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||

10h – XILOGRAVURA

TÉCNICA ENTALHE

14h – CORDEL

LEITURA

PESQUISA (biblioteca/internet)

Filme Mostra –Tarde/Noite

CAFUNDÓ *, BRA, 2006, col., 101 m.

Bate papo – Conversa

17 nov (sábado) |||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||

MATINÊ – Filme Mostra

14h – Kiriku e a feiticeira*, 1998, col., 71m.

Bate papo – Conversa

 

19hENCONTRO MUSICAL

Cantos Afro e Caiçara (audições)

 

Filme Mostra –Tarde/Noite

BESOURO *, BRA, 2009, col., 94 m.

Bate papo – Conversa

18 nov (domingo) |||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||

10h – XILOGRAVURA

TÉCNICA ENTALHE

14h – XILOGRAVURA

TÉCNICA IMPRESSÃO

 

16h – EXPERIMENTAÇÃO MUSICAL

Memória Auditiva

Filme Mostra – Tarde/Noite

CHICO REI *, BRA, 1986, col., 115 m.

Bate papo – Conversa

19 nov (segunda-feira)||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||

9h

OFICINA DE RESTAURO E CRIAÇÃO DE INSTRUMENTOS MUSICAIS

Ensaios / secagem de impressões

Filme Mostra – Tarde  

Atabaque de nzinga*, BRA, 2007, 87 min.

Ori*, BRA, 1989, 53 min.

Bate papo – Conversa

 

20 nov – Dia Nacional da Consciência Negra ||||||||||||||||||||||||

9 às 18hs

EXPOSIÇÃO

FOTOGRAFIA DESENHO, XILOGRAVURA

MOSTRA DE CURTAS – CINEPIPOCA**

Construtores – Zumbi

Dos grilhões ao quilombo

Retrato em preto e branco

LANCHE COLETIVO – FESTA

RODA

DANÇA

CIRANDA

Circo Aries Marioto

CAPOEIRA

O CONVITE ESTÁ ABERTO A TODOS QUE DESEJAM PARTICIPAR.

(?) Horários a confirmar no local.

Poderá haver remanejamento dos filmes e horários.

(*) Idade recomendada: Acima dos 12 anos.

(**) Censura livre.

 

Inscrições para as Oficinas podem ser feitas no local.

Todas as Atividades Culturais são GRATUITAS e abertas aos participantes!

Divulgue no seu Twitter – Oficinas de Memória: Arte, Cultura e Informação http://wp.me/p22aTC-8V 

Grupo Teatro e Circo anima Festa no Quilombo Cambury

A Cia. Circo Teatro Aries Marioto, de Ubatuba  vem se destacando em diversas apresentações feitas pelo Litoral Norte e Vale do Paraíba. Desta vez, Aries Marioto e sua Cia. de Circo animaram a Festa de Cambury, no último sábado, 03 de novembro de 2012.

Durante o dia, o grupo era aguardado com muita expectativa e foram recebidos com alegria no quilombo de Cambury.

O grupo circense fez a sua 96ª Apresentação, logo após a Corrida de Canoas.

Houve apresentação de dança das crianças de Cambury e gincana; também se apresentaram o Grupo O DE CASA (Ponto de Cultura Olhares de Dentro, do Quilombo Fazenda); Coroas Cirandeiros (Paraty); o Bloco Carnavalesco de Cambury ¨VAI QUEM QUER e o animado grupo “Cleison do Forró”. Na ocasião, também houve espaço para exposições de fotos artísticas, artesanato e a deliciosa gastronomia local. No domingo, aconteceu o II Campeonato de Surf de Cambury.

Dentro da programação, estavam previstos passeios de barco e visita monitorada ao quilombo e cachoeiras, com a finalidade de valorizar a cultura local, promover o esporte, educação, divulgar o turismo local e principalmente reunir as pessoas que tanto tem em comum: Amor ao Cambury.

Veja a galeria de imagens da Cia. Aries Marioto divulgada no facebook:

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UM POUCO DA HISTÓRIA…

A Cia. Circo Teatro Aries Marioto nasceu de uma família onde todos atuam no circo teatro, pai, mãe, filhos um sonho realizado de um menino que cresceu ouvindo do seu pai, coisas sobre circo teatro, o pai vendeu pirulito no circo e gostava de interpretar poesias, peças de teatro na escola, sem contar que gostava hastear bandeira durante o hino nacional, minha mãe fez balé, ginastica olímpica, desde 3 anos de idade, foi Baliza da escola Jacques Felix e da FAMUTA uma das melhores fanfarras do Estado de São Paulo por 5 anos e como ginasta participou dos jogos regionais, e também com uma pequena participação no circo que chegou em Taubaté. Onde nasceu o menino Aries Marioto, que montava o circo com lençóis, cobertor dentro de casa gostava de animar festas dos primos amigos, ama ser palhaço desde pequeno, com meus cinco anos. Meu pai fez um monociclo onde aprendi andar e fazer alegria das pessoas que me viam com seus comentários de carinhos, fui cada vez tomando mais amor pelo Circo Teatro, sou um artista mirim em busca da perfeição através de treinamentos diários.

VISÃO: Ser a melhor Cia Circo Teatro de entretimento infantil e adulto indiferentes da classe social ou religião.

VALORES: Saber trabalhar com amor, disciplina e muita dedicação com respeito ao próximo, valorizando o cliente acima de tudo transmitindo responsabilidade antes, durante e depois de qualquer serviço prestado.

APRESENTAÇÃO CIRCO TEATRO: O grupos ganhou maturidade profissional para suprir as necessidades, nos eventos corporativo e infantil, Vem destacando cada vez mais no mercado criando, inovando e transformando em um momento único, abordando descriminação e preconceito através da Poesia, dengue, pedofilia etc. etc…, onde o circo teatro leva arte, cultura. Conta-se com várias esquetes de peças teatrais interagindo com o público, o que torna, o evento ainda mais envolvente e destinado a todas as idades, pois mescla o cômico e lúdico com momentos que desafiam a realidade e envolve muitas habilidades, como malabares em cima do monociclo e da perna de pau. Quem um dia não riu muito com palhaços, se encantou com os malabaristas, ficou com medo de o equilibrista cair e nunca se impressionou com malabares em cima do monociclo, o deslumbre sobre o mágico fazer desaparecer coisas, uma bailarina que encanta com sua coreografia e beleza. Isto é o mundo mágico do circo que será lembrado por você e seus convidados por uma vida inteira sob o comando direto do Aries Marioto.

Visite o Blog do Grupo e veja todos os trabalhos: http://ciateatroecircoariesmarioto.blogspot.com.br/.

No princípio era a Toca da Josefa…

Conforme explica-nos Sr. Genésio dos Santos, 85 anos, líder comunitário e quilombola de Camburi, há cerca de uns 200 anos, o cativeiro torturava e judiava muito dos negros, com a força do látego e o ferro quente. Quando um negro fugitivo era capturado, faziam-no subir, nu em pelo, uma árvore bem alta e depois atiravam de cima para baixo, sem dó, mas com farra e gargalhadas, até que o corpo se estatelasse no chão. Josefa era uma negra escrava de uma das fazendas da vizinha Paraty, bonita e valente, mas não pôde suportar a escravidão! Corajosa, fugiu com outros negros, que vieram refugiar-se em Ubatuba no bairro do Camburi, três morros depois da Cachoeira da Escada, a 550 metros de altitude. Morou até o fim de sua vida em uma toca. Esta negra bonita, segundo contam seus descendentes, era a única do grupo que descia de tempos em tempos à praia para pegar mariscos, peixes e outros alimentos, destacando-se assim como líder do grupo e dando origem aos primeiros descendentes quilombolas da região norte do município.

“O meu nome é Genésio dos Santos. Nascido e criado aqui no bairro do Camburi. Permaneço aqui. Agora, a data do nascimento… Eu hoje tô com oitenta anos [em 2007]; eu sou de vinte e cinco de março. Então, faz as contas pra ver se tá certo. Oitenta, né? É; nós aqui; esta pessoa que está falando com o senhor, Genésio dos Santos, nascido e criado aqui no Camburi, a minha descendência é de Inácio Basílio dos Santos. Isso enquanto ele permaneceu aqui no Camburi, né? Ele veio fugido, né? Do tempo da escravatura que laçava pessoa, pegava pessoa de qualquer jeito, judiava. Principalmente a cor negra, a parte negra como eu sou, né? Então, esse povo, no passado, era muito judiado. Demais, né? Era muito maltratado. Eles contavam que eles faziam assubir nas árvores, né? Davam tiros para ver as pessoas caírem, né? Achavam que aquilo era bonito. Então, nessa época, esse Inácio Basílio dos Santos… eles vieram para cá. Agora permanece a descendência, o povo do Camburi, o caiçara daqui do Camburi, essas duas famílias. Disso eu tenho a certeza: da família Inácio Basílio dos Santos e dona Vera Cristina. Então, toda a descendência hoje que mora aqui no Camburi é dessas duas descendência. Não é de mais ninguém! Vera Cristina e Inácio Basílio dos Santos, que é a minha descendência. Agora… essa dona Cristina… eu acompanhei o enterro dela. Eu era criança, moleque. Eu acompanhei o enterro dela pro Ubatumirim. Aqui não tinha cemitério ainda. Lá no Ubatumirim… cento e quinze anos. Cento e quinze anos: a idade em que foi sepultada. Agora, além dela também, aqui era o esconderijo da dona Josefa. Essa dona Josefa morava no coração do Camburi, no centro da mata da serra do Camburi. E essa toca da dona Josefa permanece até hoje. É lá em cima, no centro do Camburi. Dá cinco horas de viagem pro senhor ir lá em cima caminhando, na toca da dona Josefa, e voltar aqui na praia do Camburi. Fica bem no coração do Camburi, no centro da praia, mas só que é na serra.

Quilombola Uelinton, abrindo caminho na Mata Atlântica. Para alcançar o topo da serra, elevado a 550 metros do nível do mar, é preciso muita disposição, mas a vista da Toca da Josefa é maravilhosa, aqui onde tudo teria começado…

Então, essa dona Josefa, a convivência dela era nas matas. Todo o tempo da vida, enquanto ela viveu aqui, era nas matas. Essa dona Josefa saiu dessa toca… Essa toca hoje é bem zelada, é bem caprichada; o pessoal vai lá. Eu tenho recebido aqui, agora poucos dias, agora, tá fazendo um mês, um mês e pouco, teve aqui uns estudantes que foram na toca, conveniente ao pessoal do quilombo aqui. A Andréia, a professora Andréia, acompanhou. Até as minhas netas acompanhou pra ir na toca da Josefa. Então, essa toca é hoje bem zelada, bem caprichada. Dela enxerga parte do mar, do Camburi todo. Agora, parece que não enxerga a Ponta da Trindade por causa das árvores que encobriu. A Mata Atlântica encobriu”. […]

Em 2008, foi organizada uma caminhada até a Toca da Josefa, com a participação de monitores guias, treinados especialmente para este tipo de trilha. Agendamentos: escolinhajambeiro@gmail.com.

“Então, essa dona Josefa, ela convivia nas matas todo o tempo de vida. O que era ganha-pão dela? Como era a convivência dela, o viver lá? Então, ela cortava o terreno, o lombo do morro; fazia-se um chiqueiro com um alçapão. E depois daquela armadilha, de assubir e descer, ela fazia uns toques, fazia uns pregos de jiçara ou do pati bem devez, bem aguçado, bem feitinho. Chegava lá no centro da terra, nesse chiqueiro, enterrava, plantava; ali fazia ponta toda agulhada, toda pra cima. Quando esse animal pesado, como onça, como queixada, vinha, pisava naquela armadilha, descia por ali abaixo, batia lá embaixo e ele mesmo se sangrava naqueles picos, naqueles pregos de pati, da jiçara, do coco de brejaúva, da madeira do coco da brejaúva. Aquilo é muito forte! Se sangrava, né? Então, o que fazia ela? Então ela fazia dois, três, quatro… Ainda tem o cenário. O grupo que esteve agora lá falou pra mim que tem os sinais do corte, da terra, de tudo o que ela fazia. Então, ela pegava esse animal, alimpava lá nas mata. Alimpava e cortava todo e trazia aqui, pra povoação do Camburi na época, levava para a Trindade, levava na Vila da Picinguaba. Então o que fazia ela? Ela dava essas carnes do bicho do mato (do queixada, da onça) e aí, o que fazia ela? Ela pegava o arroz, o feijão. Naquele tempo era a banha, não era o óleo. Era a banha. Pegava a banha para tempero, farinha da mandioca… levava tudo para a toca. Então a convivência dela era isso assim. Só que ela não saía em cidades. Em cidade ela não saía. Ela não saía em cidade por causa dos jagunços, os malfeitores que estavam à caça, procurando. Eles procuravam, indagavam, perguntavam se não tinha fulano, sicrano. Então, nessa época, como aqui – Camburi – não tinha estrada de carro, nem animal de carga passava. Então eles ficram todos escondidos aqui… e o tempo foi passando, como a dona Cristina, o tempo foi passando, e aqui arrumaram família, como eu mesmo conheci e dou o nome delas. Aqui, filhas da dona Cristina: Francisca, Januária, Aintinha, Luiza, dona Virgília… Conheci cinco! Cinco filhas dela; todas casadas aqui no Camburi. Naquele tempo, o casamento, o senhor sabe, o casamento todo era no religioso – o casamento do padre. A não ser isso, era amasiado. Outros falavam amigado, amasiado, né? Então viviam cem anos, muitas vezes, né? Viviam aqueles amasiados, tinham os filhos, as filhas… Então, por muita vez, tinha muito que até nem era reconhecido no cartório. Depois, na vinda dos filhos, depois, é que era reconhecido para registrar o filho. Então era assim! Então o senhor vê que essa foi uma descendência aqui do Camburi, dessa época, que veio todos dos escravos. Agora, essa família hoje, é como o caso da minha família, né? Aí a família hoje virou uma ‘salada de frutas’. Por que muitas vezes eu falo isso? Porque hoje, eu, dentro da minha família, eu tenho sobrinha primeira, sobrinha segunda, sobrinha terceira loira, de olhos verdes, assim como os senhores, né? Outros castanhos, outros azuis, né? Porque a minha família hoje virou uma ‘salada de frutas’? Porque eu arrecebi aqui quatro moços de fora, quatro moços que não era do lugar, vieram de outro lugar, daqui do Estado de São Paulo. E aqui até vou citar os nomes deles; aqui, neste momento: Manoel Firmino Soares, Carmo Firmino Soares, Donato Firmino Soares, Antonio Firmino Soares. Quatro irmãos casaram com quatro prima-irmãs minha; tudo escuras. E eram brancos! Há muitos anos passados, há mais de setenta e poucos anos casaram. E aí o que acontece?”

Fonte: José Ronaldo, editor do blog http://www.coisasdecaicara.blogspot.com.

O uso sustentável da terra por comunidades tradicionais é a solução de preservação para áreas de risco ambiental

O uso sustentável da terra por comunidades tradicionais tem sido apontado tanto pelo governo como por especialistas como solução de preservação para áreas de risco ambiental. No caso do Cerrado, a bandeira é defendida inclusive pelas universidades e por pesquisadores americanos que acompanham a trajetória do bioma que ocupa mais de 2 milhões de km² do território nacional.

Apesar de liderar a concentração de biodiversidade do planeta e ser apontado como ”berço das águas” por abrigar nascentes das principais bacias hidrográficas do país, o bioma Cerrado é o menos contemplado pelas políticas públicas, é o que tem menos regras com relação à ocupação e é um dos mais ameaçados no país, principalmente, pelo agronegócio e por investimentos em infraestrutura.

Pedro Ramos, que se intitula caboclo e extrativista vegetal na Amazônia, denuncia que a expulsão de comunidades tradicionais, indígenas e quilombolas tem ocorrido em todos os biomas. ”Temos um modelo de desenvolvimento perverso contra a gente. Estamos assistindo povos tradicionais serem expulsos dos seus pedaços de terra em nome de desenvolvimento de produção agrícola e de energia limpa”, disse, ao relatar o caso dos índios em Roraima.

Ele integra a Comissão Nacional das Populações Indígenas e alerta para a falta de uma regulamentação fundiária. Segundo ele, a territorialidade desses povos ”está em jogo porque não há lei fundiária para regularizar as áreas”.

A combinação desse cenário com a atratividade que o Cerrado representa para o agronegócio é apontada por especialistas nos mapas de monitoramento do desmatamento no Brasil. O bioma que abrange o Distrito Federal, Rondônia e parte de Roraima, Amapá, Amazonas e Pará, perdeu quase metade da cobertura vegetal, segundo especialistas.

Para o pesquisador americano e professor da Universidade de Brasília, ligado também à Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, Donald Sawyer, ”a alternativa seria a de paisagens produtivas sustentáveis em pelo menos 500 mil km², a metade do que ainda existe, e o acesso das comunidades tradicionais aos recursos a partir de uso sustentável”.

Durante o primeiro painel de debates do 7º Encontro e Feira dos Povos do Cerrado, que está sendo realizado em Brasília até o próximo dia 16, Sawyer afirmou que as ”paisagens com gente” contribuiriam para manter os ciclos hidrológicos da região e manter a infiltração da água da chuva no solo. Segundo ele, isto permitiria amenizar, inclusive a baixa umidade que vem afetando a região.

Ainda segundo Sawyer, que também integra a equipe de pesquisadores da organização não governamental Instituto Sociedade, População e Natureza (ISPN), as populações locais não devem buscar a ”derrota” do agronegócio, mas conciliar as atividades de uma forma que garanta a sustentabilidade da região e reforce a importância do bioma nacionalmente e internacionalmente. ”O mundo ainda não sabe o que é Cerrado e qual o seu valor. Nós que teremos que tomar a iniciativa porque não vai ter uma interferência externa para a defesa deste bioma como o que aconteceu na Amazônia. Outros biomas continuam chamando a atenção do público e os recursos do Cerrado continuam em posição secundária”, avaliou.

No final do dia, uma comissão formada por cerca de dez integrantes da Rede Cerrado, organizadora dos debates sobre a situação e as demandas para a conservação do bioma, vai ser reunir com a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira. De acordo com os organizadores do evento, no encontro, os representantes da Rede vão relacionar as principais medidas que precisam ser adotadas para garantir a preservação da região em médio e longo prazo.

O encontro acontece depois da Corrida de Toras e do Grito do Cerrado (manifestações marcadas para ocorrer na Esplanada dos Ministérios), e da audiência pública que reunirá mais de 400 participantes do evento com senadores e deputados federais no Congresso Nacional.

Fonte: Agência Brasil.

In memoriam – Sr. Miguel da Cruz

Hoje faz 90 dias que faleceu o Sr. Miguel da Cruz. Dedicamos este post à lembrança deste velho caiçara, contador de histórias e grande anfitrião que morava na praia de Cambury.

Sr. Miguel da Cruz, como era conhecido em Cambury, tinha mais de 80 anos e estava convalescente desde 2008, sofrendo muito com as complicações de um câncer de próstata e fortes dores no joelho e tornozelo, que o impediam de caminhar, nos últimos anos de sua vida. Faleceu no hospital de Taubaté no dia 8 de maio de 2012 e foi sepultado no cemitério de Paraty. Portanto, a triste notícia ocorreu 15 dias após a 5ª Visita que realizamos ao quilombo de Cambury (6 a 23 de abril).

 

Sr. Miguel da Cruz tinha mais de oitenta anos e faleceu no dia 8 de maio de 2012.

Sr. Miguel da Cruz faz parte de uma das últimas famílias a chegarem em Cambury, na década de 1980, juntamente com a família de João Querino. Era o esposo de Dona Maria Lorena, pai de Simão, Rosa, Rute, Monga entre outros filhos, além de um grande número de netos e netas. Veio de Paraty para morar em Cambury na condição de caseiro da família de José Bento.

Tal fato criou uma situação quase constrangedora frente aos moradores tradicionais, pois a maioria deles sofreu com ameaças, intimidações e tantos outros moradores foram expropriados de suas terras, a mando de Francisco Munhoz e José Bento de Carvalho, dois grandes “expropriadores” de terras na região de Ubatuba.

O quilombo permaneceu relativamente isolado até a década de 1970 quando uma série de acontecimentos ameaçou sua permanência em suas terras e trouxe mudanças para seu modo de vida. A comunidade foi alvo de diversos processos de grilagem e compras ilegais de posse, derivados da especulação imobiliária. No início da década de 1970, 80% do território do Quilombo do Cambury estava sob o domínio e posse de dois grandes compradores de terra, Francisco Munhoz e José Bento de Carvalho, que expulsaram os antigos moradores. Estes se deslocaram para as áreas mais íngremes, de mais difícil acesso, ou se mudaram para outras cidades, tais como Taubaté, Paraty e Santos.

Fica a saudosa lembrança do amigo violeiro, que jamais se esquecerá do dia em que Sr. Miguel da Cruz saciou-lhe a fome e ofereceu pousada em sua casa, na década de 1990.

Miguel da Cruz e o Violeiro, na praia de Cambury, Julho de 2009.

Memória viva de Cambury sofre com falta de acessibilidade e negligência do poder público.

Arte Cultura & Informação

FAZ QUASE TRÊS ANOS QUE A COMUNIDADE RECLAMA DO PODER PÚBLICO A CONSTRUÇÃO DE PONTES NA COMUNIDADE QUILOMBOLA DE CAMBURY

A Associação dos Moradores Caiçaras (AMBAÇA) e a Associação dos Quilombolas de Cambury, em UBATUBA, litoral norte, reclama desde 2009 para que providências sejam tomadas quanto a ACESSIBILIDADE de idosos e crianças.

No Réveillon (31.12.2009) os moradores do Quilombo de Cambury em Ubatuba ficaram desamparados em razão dos estragos promovidos pelas enchentes na região. Na virada do ano, um casal morreu na praia de Camburi, quando tentava atravessar a precária ponte de madeira que separa o Quilombo da região da praia. Os dois jovens foram arrastados pela correnteza e amanheceram mortos no dia seguinte (01.01.2010). Segundo o quilombola Alcides, a tristeza tomou conta da comunidade, pois a comunidade depende da visitação dos turistas para ampliarem a fonte de renda. Agora, os quilombolas ficaram ainda mais isolados…

A construção de PONTES…

Ver o post original 308 mais palavras

Por que não construir PONTES em Cambury?

FAZ QUASE TRÊS ANOS QUE A COMUNIDADE RECLAMA DO PODER PÚBLICO A CONSTRUÇÃO DE PONTES NO QUILOMBO DE CAMBURY.

A presença de um engenheiro da prefeitura, com boa formação profissional, revelaria a necessidade reclamada pelos moradores da última praia de Ubatuba, no litoral norte do estado de São Paulo.

A Associação dos Moradores Caiçaras (AMBAÇA) e a Associação dos Quilombolas de Cambury, em UBATUBA, litoral norte, reclama desde 2009 para que providências sejam tomadas quanto a ACESSIBILIDADE de idosos e crianças.

http://clinicadotexto.wordpress.com/2012/07/31/passados-3-anos-comunidade-de-camburi-ainda-continua-sem-pontes/

Desafios para o Desenvolvimento Sustentável de Ubatuba

Relatoria Oficina de Ubatuba

Ubatuba é um dos municípios que fazem parte do Projeto Litoral Sustentável – Desenvolvimento com Inclusão Social

 

A oficina Desafios para o Desenvolvimento Sustentável de Ubatuba foi realizada dia 24 de junho de 2012, no Hotel Charbel, Praça Nóbrega, no centro da cidade, teve como objetivos ampliar o debate e o processo de escuta comunitária no âmbito do projeto Litoral Sustentável – Desenvolvimento com Inclusão Social, realizado pelo Instituto Pólis, em convênio com a Petrobras.

A oficina contou com 20 pessoas, representando 13 organizações da sociedade civil, em sua maioria lideranças e representantes de entidades de classe, organizações socioambientais e culturais, associação de moradores e de pescadores, entre outras.

As questões propostas para a discussão na Oficina foram: 1. Fragilidades e potencialidades do município; 2. Perspectivas de desenvolvimento sustentável do município (tendo em vista os empreendimentos no Litoral Paulista, entre eles, a ampliação do Porto de São Sebastião, o pré-sal); 3. Questões que devem ser consideradas para o desenvolvimento sustentável do município (questões e necessidades a serem resolvidas).

 

A discussão abrangeu os pontos descritos a seguir de forma sintética.

Gestão

Na percepção de parte dos participantes da Oficina, a gestão pública em Ubatuba é frágil e sem planejamento. O município cresceu, porém sem um projeto de desenvolvimento.

A política de gestão participativa no município se concentraria nos Conselhos Municipais. Porém, os conselhos teriam pouca inserção na sociedade civil, resultado de não haver uma educação que estimule uma sociedade mais crítica e participativa.

Soluções regionais

Várias intervenções ressaltaram que os problemas do município são comuns aos demais municípios do Litoral Norte e quedemandam uma solução regional. Exemplos citados: gestão de resíduos sólidos e meio ambiente. Esse seria o caminho e a estratégia para um desenvolvimento sustentável.

Infraestrutura urbana

O saneamento básico, o tratamento e a destinação do lixo aparecem como grandes gargalos, sendo classificados como precários e onerosos. O lixo doméstico iria para Tremembé, o que implica em elevados de transporte, o que onera em demasia o município.

Nos bairros mais afastados foram citadas outras questões de infraestrutura que precisam ser equacionadas, como a necessidade de pavimentação, o transporte público deficiente e a falta de acesso à energia elétrica, a rede de esgoto insuficiente. Segurança alimentar

Ubatuba tem a possibilidade de incrementar uma política municipal de abastecimento, mobilizando e potencializando os recursos locais: existe uma área rural produtiva; os parques teriam potencial para uma produção sustentável; a atividade pesqueira poderia ser mais bem estruturada.

Vocação turística

Essa é a característica mais importante do município. Os participantes avaliam que o potencial turístico é mal aproveitado; não existe uma política municipal voltada para o turismo. As belezas naturais e a riqueza cultural, principalmente a presença das comunidades tradicionais e de pescadores, representariam grande potencial para o desenvolvimento do município. Avaliam também que a cidade não está estruturada para atrair e receber os turistas; que o município é dependente do veranismo restrito à temporada e não investe no turismo sustentável; que o modelo do turismo “veranista” sujeita a população à sazonalidade dos empregos. Para ilustrar a fragilidade desse modelo veranista, foram citados os exemplos das praias européias que, segundo os participantes, faliram.

Sustentabilidade

Debatida pelos grupos, especialmente o grupo 2. Apesar de reconhecerem a importância da questão ambiental como para a sustentabilidade, tendo em vista a imensa riqueza em florestas, parques e áreas preservadas existentes em Ubatuba, entendem que um desenvolvimento sustentável deve, necessariamente, construir-se sobre múltiplos pilares, em que as dimensões econômicas, sociais, culturais, políticas e ambientais se articulem de forma equilibrada.

Os participantes salientaram que, normalmente, é dada uma ênfase desproporcional à questão ambiental, desconsiderando-se os outros elementos, que são fundamentais para garantir qualidade de vida para todos os que vivem no município. Sustentabilidade não pode ser reduzida à idéia de mera subsistência, como se o ser humano não pudesse interferir na natureza. Enfatizam a importância de incorporar a noção de sustentabilidade em processos educativos para o conjunto da sociedade, especialmente para os jovens, para os quais o desenvolvimento deve oportunizar trabalho e condições de permanência em Ubatuba. Avaliam que o desenvolvimento para ser sustentável deve ser inclusivo, propiciando a redução das desigualdades

 

Anotações dos debates em grupo

Grupo 1

Fragilidades e Potencialidades do Município

Potencialidades

Beleza cênica, áreas protegidas e turismo:

A Mata Atlântica é uma potencialidade. Pode-se gerar renda com isso, explorando o turismo náutico, a educação ambiental e a contemplação de aves.”

“É possível transformar o turismo veranista em turismo com qualidade de vida.”

“Nossa Mata Atlântica é uma potencialidade do município, deve-se planejar e fomentar o turismo sustentável.”

Cultura local

A fortepresença de comunidades tradicionais (quilombos, índios e caiçaras) no município constitui em um fator potencializador para o turismo voltado para o patrimônio histórico e cultural.

Pesca e agricultura

Possibilidades de fomento de pequena produção agrícola familiar nas áreas do parque voltada à população residente.

Existência de sociedade amigos de bairro em todo o município:

Forte potencial de participação e mobilização da sociedade civil.

Centros de Formação:

Concentração de campi universitários na região de Ubatuba.

Fragilidades

Falta de planejamento e gestão

Nenhuma rua do município esta prefeitura soube planejar”.

“Ubatuba tem de parar de crescer, mas tem que se desenvolver porque já cresceu bastante.”

“Ninguém aqui sabe que cidade queremos.”

“Planejamento existe, a fragilidade está na gestão.”

De acordo com algumas intervenções, a própria Prefeitura chegou a mobilizar processos participativos de planejamento (Lei de Uso e Ocupação do Solo e Plano Diretor), mas tudo teria sido engavetado. O Plano Diretor não foi cumprido.

“Plano Diretor tem que dialogar com a revisão do Gerenciamento Costeiro, o que não acontece.”

Segundo algumas opiniões, existem conselhos que visam o fomento de planos de ação e desenvolvimento, mas os gestores não acatam suas propostas. Além disso, há pouca inserção dos segmentos da sociedade civil nesses espaços; o município carece de uma educação que estimule a crítica e a participação social.

Falta trabalhar em rede, falta articulação entre as políticas públicas.

No campo da gestão ambiental, uma das falas aponta que há uma má interpretação das leis de preservação ambiental em Ubatuba. Para ela, não há força política no município que dialogue com as leis instituídas, reforçando a ideia de que é possível a convivência de tecnologias com o meio ambiente. Foi proposta a substituição da expressão “preservação ambiental” por “desenvolvimento ambiental”.

No campo da infraestrutura urbana, o saneamento básico e o tratamento do lixo aparecem como grandes gargalos, classificados como precários e onerosos. Cerca de R$10 milhões anuais seriam gastos no tratamento dos resíduos sólidos do município.

Falta de investimento na cultura tradicional

Comunidades tradicionais locais não são incentivadas a perpetuarem suas práticas. Muitas vezes são discriminadas.

Desenvolvimento de comunidades é tirar a cultura própria das comunidades. O trabalho das ONGs não garante autonomia das comunidades em que atuam. Estabelecem uma relação utilitarista com as comunidades, desacreditando o trabalho das organizações. Não deveria ter financiamento para projetos com menos de três anos, evitando, assim, este tipo de relação.

Mudanças climáticas

Região com grande vulnerabilidade ao aquecimento global, a enchentes e a deslizamentos. “É muito preocupante. Estamos perdendo praias no município.”

Especulação imobiliária

Para ilustrar esta fragilidade, foram citados os exemplos das praias européias que “apostaram na especulação imobiliária e faliram”. Deve-se investir em infraestrutura turística das praias para acolher turistas durante todo o ano.

Falta de estruturação da cadeia produtiva da pesca.

É preciso beneficiar a produção pesqueira local. Não existe uma política dirigida a esse segmento.

Abandono do turismo

“Não há divulgação da cidade, das suas belezas naturais, das matas e cachoeiras e não só das praias”.

 

Questões para o desenvolvimento do município:

Fortalecer os elementos produtivos e culturais da comunidade

“É preciso incentivar a produção agrícola que contribua para o fomento do turismo local”.

“Grande potencialidade é o parque estadual. Possibilidades de fomento de pequena produçãoagrícola familiar nas áreas do parque, com a população residente”.

“A gente não consegue ter uma estrutura de armazenamento do pescado para, no tempo certo, colocá-la no mercado ou mesmo agregar valor”.

 Grupo 2

Perspectivas de Desenvolvimento

Sustentabilidade:

Saneamento Básico

“Para ser sustentável é preciso pensar qual o tipo de saneamento é mais adequado à realidade do município”

Resíduos sólidos

O dinheiro gasto diariamente para o transbordo do lixo é algo que dói no coração. Por mês, se gasta milhões”.

“Cerca de R$16 milhões anuais são gastos para o tratamento dos resíduos sólidos do município”.

Desenvolvimento sustentável

O radicalismo ambiental em Ubatuba é muito grande e sem medida. Alguns podem construir, outros não. Não há critérios.”

“A visão de sustentabilidade muitas vezes é ligada a questão ambiental. Mas a sustentabilidade tem outros pilares, como a questão social, a econômica, e visão de mundo e existe a proposta de entrar a questão cultural. Em Ubatuba somos obrigados a viver na sustentabilidade ambiental, pois vem muitas ONGS e querem “tomar conta” – preservar as matas, mas o social, o econômico, a saúde, a educação, isso ninguém quer ver, temos de nos virar”.

“Uma hora a terra não vai aguentar. É preciso encontrar uma maneira de equilíbrio entre a preservação e geração de renda.”

“O desenvolvimento sustentável nos remete a pensar sobre o que realmente queremos para nossa vida e não só na questão econômica, pois o ser humano precisa de muitas outras coisas que não só o dinheiro. Podemos pensar em espaços públicos para usufruir com qualidade.”

“Não acredito em desenvolvimento sustentável. Ninguém vive de cultura de subsistência. É preciso mais do que trabalhar para sua subsistência.”

“É preciso inserir a noção de sustentabilidade nos processos educativos. A educação no município é frágil. As pessoas precisam saber sobre os aspectos sociais e ambientais”.

“O desenvolvimento sustentável é possível sim, mas é preciso educação e também o incentivo de permanência dos jovens no município, pois eles vão embora quase que obrigados, já que não há ofertas suficientes de trabalho em Ubatuba”.

“A questão da sustentabilidade aparece sempre de forma muito complexa. Ubatuba tem 90% de seu território com matas preservadas. A sociedade tem que se organizar para receber os recursos oriundos dos passivos ambientais. Quem polui paga para nós que preservamos. Nós não recebemos esse dinheiro, mas é preciso se juntar para exigir o retorno do dinheiro e utilizar de maneira técnica.”

“Fazer uso do crédito de carbono. Queremos saber do dinheiro para o desenvolvimento econômico.”

“O código florestal brasileiro é o melhor do mundo e também o mais rígido, isso é bom mais dificulta.”

“Tem muitos diagnósticos, mas nenhum entra em prática, não consegue praticar, isto é uma realidade antiga em Ubatuba.”

Marinas e licenciamento ambiental:

O desenvolvimento da marina propiciará autonomia. Deve-se estimular a criação de pequenas marinas espalhadas pelo município.

Só consegue licenciamento ambiental quem tem dinheiro. É preciso facilitar o processo para licenciar. Os pescadores sofrem, pois não podem entrar com os barcos na hora que precisam. É preciso maior flexibilidade.

Não adianta licenciar o que está errado, mas sim facilitar o processo burocrático e organizar os órgãos responsáveis pelos licenciamentos.

Crescimento desordenado

“A cidade vai crescer, não há como evitar. É preciso nisso para evitar o crescimento desordenado. Para isso, também é preciso organização da sociedade civil.”

Questão regional

“Os problemas dos municípios são muito parecidos. É preciso unir esforços. O pensar regional é possível em alguns temas como os resíduos e o meio ambiente. É preciso pensar regionalmente.”

Inércia do Estado

Criar condições políticas para que o projeto seja efetivado independentemente dos governos que assumirem.

Comercialização do pescado

A prefeitura dificulta a comercialização dos peixes dos pescadores familiares e facilita a venda dos peixes que são dos grandes empresários chineses. “É mais fácil comer peixe chinês do que os pescados em produzidos em Ubatuba”.

“O pescador não aconselha mais o filho a ser pescador, pois o trabalho está muito difícil. A pesca artesanal vai acabar.”

Reunião plenária – destaques

Sustentabilidade compulsória

Organização cultural

Potencial turístico

Fortalecimento de associações, incluindo-as na gestão pública, com vista a uma gestão descentralizada.

Educação avançada

Patrimônio natural

Indicadores – Ubatuba não disponibiliza os indicadores para a população. Não existe devolutiva sobre os indicadores sociais, dificultando a realização de projetos e ações no município. A sociedade tem que pesquisar os dados que estão desorganizados.

Regularização fundiária, questão básica para o desenvolvimento do município.

Gestão pública organizada; estruturar uma visão sistêmica do município.

Turismo receptivo, com investimento nos aparelhos públicos que suportariam um turismo de qualidade, como equipamentos de saúde adequados.

Fonte: http://litoralsustentavel.org.br/relatorio/relatoria-oficina-de-ubatuba/

200 anos de cultura tradicional podem ser extintos!

Caros amigos do Brasil,

A comunidade quilombola do Rio dos Macacos está lutando contra o tempo. Em apenas algumas dias, uma ordem da justiça pode tirar a comunidade das terras em que vive há mais de 200 anos. Somente uma grande mobilização popular pode impedir que a pressão da Marinha prevaleça. Junte-se a essa luta agora, e a Avaaz e o defensor público que defende os quilombolas entregarão a petição diretamente para o juiz quando alcançarmos 50.000 assinaturas:

Em poucos dias, 200 anos de cultura tradicional podem ser extintos. A comunidade quilombola de Rio dos Macacos na Bahia pode ser expulsa de suas terras para a construção de uma base da Marinha. Mas a solução para o problema está a nosso alcance!

A Marinha do Brasil quer expandir a Base Naval de Aratu a todo custo, mesmo que tenha que devastar uma tradição centenária e expulsar os quilombolas da região. Os pareceres técnicos do governo já afirmaram que os quilombolas têm direito àquela terra, mas eles só têm validade se publicados — e a lentidão da burocracia pode fazer com que o juiz do caso determine a remoção da comunidade antes que seu direito seja reconhecido. Eles estão com a faca no pescoço e nós podemos ajudar a vencer essa batalha se nos unirmos a essa causa!

Não temos tempo a perder! O juiz decidirá na segunda-feira se retira os quilombolas ou espera a publicação do parecer do governo. A defensoria pública nos disse que somente uma grande mobilização popular pode impedir que a pressão da Marinha prevaleça. Junte-se a essa luta agora, e a Avaaz e o defensor público que defende os quilombolas entregarão a petição diretamente para o juiz quando alcançarmos 50.000 assinaturas:

http://www.avaaz.org/po/urgente_quilombolas_em_risco_c/?bTtwHab&v=16624

De acordo com estudos, das três mil comunidades quilombolas que se estima haver no país, apenas 6% tiveram suas terras regularizadas. É um direito das comunidades remanescentes de escravos garantido pela Constituição, e responsabilidade do Poder Executivo emitir-lhes os títulos das terras. A cultura quilombola depende da terra para manter seu modo de vida tradicional e expulsar quilombolas dessas terras pode significar o fim de uma comunidade de 200 anos.

A comunidade do Rio dos Macacos tem até o dia 1º de agosto para sair do local e, após isso, sofrerá a remoção forçada. Entretanto, temos informações seguras que técnicos já elaboraram um parecer que reconhece o direito dos quilombolas, mas ele só tem validade quando for formalmente publicado e a comunidade corre o risco de ser expulsa nesse intervalo de tempo.

No caso do Rio dos Macacos, a pressão popular já funcionou uma vez, adiando a ação de despejo em 5 meses. Vamos nos juntar aos quilombolas e apelar para que o juiz da causa garanta a posse de terra dessa comunidade, e carimbe seu direito de viver em harmonia com suas terras. Assine a petição abaixo para impedir que a lentidão da burocracia acabe com uma comunidade tradicional:

http://www.avaaz.org/po/urgente_quilombolas_em_risco_c/?bTtwHab&v=16624

Cada vez mais temos visto que, quando nos unimos, movemos montanhas e derrotamos gigantes. Vamos nos unir mais uma vez para garantir o direito de terra da comunidade quilombola Rio dos Macacos e dar paz as famílias que moram no local. Juntos podemos alcançar justiça!

Com esperança e determinação,

Pedro, Luis, Diego, Carol, Alice, Ricken e toda a equipe da Avaaz

Mais informações:

Balanço 2011 das Terras Quilombolas da Comissão Pró-Índio de São Paulo
http://www.cpisp.org.br/email/balanco11/img/Balan%C3%A7oTerrasQuilombolas2011.pdf

‘Os militares infernizam a nossa vida’, diz quilombola sobre disputa por terra (Último Segundo)
http://ultimosegundo.ig.com.br/brasil/ba/2012-07-22/os-militares-infernizam-a-nossa-vida-diz-quilombola-sobre-disputa-por-terra.html

Rio dos Macacos é quilombo, diz Incra (Tribuna da Bahia)
http://www.tribunadabahia.com.br/news.php?idAtual=122017

Rio dos Macacos: Defensoria pede suspensão da retirada de moradores (Correio)
http://www.correio24horas.com.br/noticias/detalhes/detalhes-1/artigo/rio-dos-macacos-defensoria-pede-suspensao-da-retirada-de-moradores/