Veredas da informação em culturas de tradição oral…

Prezados Amigos e Amigas!

Já está disponível para download a Tese “Veredas da informação em culturas de tradição oral: a esfera encantada das bibliotecas vivas”, autoria de Edison Luís dos Santos, defendida em 06 de Agosto de 2018, na Escola de Comunicações e Artes da USP – ECA/USP. Defesa da Tese: 6 de agosto de 2018 - 14hs

Resumo: A tese apresenta o estudo de natureza exploratória do processo de produção partilhada de saberes e apropriação de dispositivo de informação desenvolvido com mestres e aprendizes da cultura de tradição oral. A obra resulta de um diálogo na fronteira entre o legado das culturas de tradição oral e as novas tecnologias da escrita, em que experimentamos uma relação com o saber, voluntária e coletiva, da ciência como artesanato. A materialização da produção partilhada de saberes se deu no fazer prático (savoir-faire) por meio do qual os sujeitos do saber aprenderam a conhecer e a fazer juntos.

Palavras-chave: 1. Epistemologia da Ciência da Informação.  2. Cultura – Tradição Oral.  3. Informação e Memória.  4. Dispositivo de Informação.  5. Redes Sociotécnicas.  6. Bibliotecas Vivas

Download Tese Completa: Veredas da informação em culturas de tradição oral

Mediação cultural com os parceiros de Cambury: o rio que muda…

Caros Amigos e Amigas do Quilombo Cambury!!!
A obra está disponível para DOWNLOAD na Biblioteca Digital da USP:
Estação memória Cambury: mediação cultural com os parceiros do rio que muda
http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/27/27151/tde-19112013-161748/pt-br.php

RESUMO: estudo exploratório sobre o processo de mediação e apropriação cultural de informação em um contexto social, marcado historicamente pela expropriação cultural – Cambury – uma comunidade rural formada por pescadores e quilombolas que vivem na Mata Atlântica. A análise de campo e as reflexões teóricas se debruçaram sobre o papel do mediador e dos dispositivos informacionais, tendo como referência metodológica a pedagogia dialógica das Oficinas de Memória, espaço privilegiado para experimentação de saberes, trocas culturais e simbólicas. Como resultado, formulamos categorias significativas de análise do mediador cultural, cujo amálgama de saberes (informacionais; procedimentais e atitudinais) julgamos indispensável aos processos de significação em territórios simbólicos diferenciados. Como produto de conhecimento no campo da pesquisa social aplicada, criamos o dispositivo infoeducativo – Estação Memória Cambury – conjugado à interface de comunicação digital; e desenvolvemos referenciais teóricos e metodológicos que podem contribuir em futuras práticas infoeducativas que favoreçam a produção, circulação e apropriação social de saberes com os sujeitos do saber, confrontando-os com a questão do sentido da vida, do mundo e de si mesmos.

Protagonistas de Cambury, 2011-2013.

                       Protagonistas de Cambury, 2011-2013.

SANTOS, Edison Luís dos. Estação memória Cambury: mediação cultural com os parceiros do rio que muda. São Paulo: ECA, USP, 2013. 101p.

Forte abraço do Edison, o violeiro!

Futebol intercultural na praia do Cambury – Memória

Com prazer, registramos a memória de uma partida de futebol memorável: o torneio regional de futebol intercultural foi organizado por Sr. Badeco, caiçara sanfoneiro, sociabilidade e cotidiano na Praia do Cambury, Abril de 2012.

Título: Futebol intercultural na praia do Cambury | Ficha técnica: BRASIL, 2012, colorido., 12m59s.
Resumo: este vídeo contém o registro audiovisual de uma Partida de futebol especial, realizada em 22 de abril de 2012 no campinho oficial de Cambury, à beira da praia. O torneio entre equipes reuniu vários times do litoral norte, formados por caiçaras, quilombolas e indígenas. Além de momento importante na sociabilidade e trocas de informações entre os diversos grupos sociais, o evento foi organizado por Sr. Badeco, homem simples do Cambury, tocador de sanfona, que também treina o time feminino local.
Ao final das partidas, os participantes se reuniram no Bar do Isaías e Donato, de frente para o campo, para molhar o bico e conversar com os amigos.
Tags: Futebol, Educação, Cultura, Arte, Quilombo, Indios, Brasil, Cambury
Link para a VIDEOTECA DO CAMBURY NO Vimeo: https://vimeo.com/72148259

Inauguração da Videoteca Educativa

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viaInauguração da Videoteca Educativa.

ESPAÇO DE COMPARTILHAMENTO DE AUDIOVISUAIS E ANIMAÇÕES COM FINS EDUCACIONAIS, um trabalho voluntário da técnica de biblioteconomia, Patrícia Cristina, realizado no QUILOMBO DO CAMBURY, ESCOLINHA JAMBEIRO.

Partilhanto arte, cultura e informação

AÇÃO CULTURAL: SEMANA da CONSCIÊNCIA NEGRA em CAMBURY

O mês de novembro foi bastante movimentado no espaço cultural do Quilombo do Cambury. Entre os dias 15 e 20 de novembro, aconteceu a Segunda Edição das OFICINAS DE MEMÓRIA E XILOGRAVURA, na Escolinha Jambeiro, localizada na sede da Associação Quilombola de Cambury – Ubatuba, SP.

As atividades pedagógicas foram preparadas com antecedência e fizeram parte de uma ação cultural mais ampla, com o intuito de comemorar o Dia Nacional da Consciência Negra e a inauguração do novo espaço físico da Escolinha Jambeiro, que foi reformada com a ajuda e o entusiasmo de três jovens quilombolas (Ueliton, Alex e Vaguinho); a verba do MinC previa a renovação do telhado, a reforma da cozinha, acabamento e pintura novos.

As “Oficinas de Memória: Arte, Cultura e Informação” são práticas infoeducativas que visam a estimular a interação, o diálogo e a aprendizagem de novos saberes entre idosos e crianças. O evento, aberto ao público em geral, contou com a participação de vários educadores (Valter, Wilson, Renata, Otávio e Edison), que trocaram experiências e saberes com os jovens (quilombolas e caiçaras), visitantes e outros amigos da comunidade quilombola de Cambury.

O dia 15 de novembro foi reservado para a preparação do ESPAÇO INFOEDUCATIVO, organização de mesas, cadeiras, materiais pedagógicos, telão para projeção de audiovisual, lousa, mural de fotografias, livros, internet, entre outros recursos, que deveriam ficar à disposição dos participantes. Nesse mesmo dia, à tarde, o Sr. Salustiano (68 anos, pescador, agricultor e quilombola) gravou depoimento, contando algumas histórias, passagens de sua vida e outras curiosidades do tempo em que largou a roça para trabalhar na indústria da pesca. No dia 16 de novembro foi exibido o filme Canoa caiçara.

Assista o filme – https://estacaomemoriacamburi.wordpress.com/historia/fazendo-canoa/

Com dez anos de experiência na arte de fazer e de ensinar Xilogravura, o educador Valter Luz deu início às Oficinas, enfatizando a importância dos relatos orais dos idosos, os fazeres tradicionais, pesca, artesanato, casa de farinha, canoa caiçara etc., para em seguida dar início à Jornada Cultural, com a Oficina de desenho básico: https://estacaomemoriacamburi.wordpress.com/cursosoficinas/desenho/.

Oficina de xilogravura: gravação e impressão

Houve contação da história da xilogravura e apresentação dos materiais usados nesta técnica. Os participantes foram orientados a buscar inspiração nas referências locais: paisagens, fauna, flora, seres humanos em suas ações e objetos que manipulam, utilizando as noções de desenho básico, desenvolvidas na oficina anterior. Mais detalhes da Oficina de Xilogravura podem ser obtidos nos links:

Galeria de imagens: registros visuais

Diálogo com a música: construindo instrumentos a partir de materiais recicláveis

Aconteceu a atividade, e as crianças participaram, embora fossem poucas. Embora pareça desimportante, a construção do Kazu, um brinquedo simples, de garrafa pet e saco plástico, tem importância e simbologia marcantes: por um lado se lida com o reaproveitamento de materiais descartados; por outro, remete aos sons da boca: fala, expressão, opinião. Indicadores disso foram a timidez, a princípio: as crianças e os jovens ficaram acanhadas para tirar sons quando estavam perto de nós e dos (das) colegas, mas em casa, ou sozinhas, aventuraram, aprenderam, e, melhor: voltaram para dar retorno, mostrar que aprenderam. Num próximo encontro podemos mostrar que é possível criar pequenas peças musicais, improvisando, com os Kazus, sonoridades que constroem músicas experimentais muito ricas. Mas o resultado será mais eficaz se nós, educadores, fizermos isso juntos, antes; pois, o maior aprendizado se dá sempre pelo exemplo. (relato de Wilson Rocha, músico e educador, 27.11.2012)

DEPOIMENTO

A visita ao Quilombo de Cambury foi muito importante: conheci um pouco a realidade daquela comunidade, desde o lado bom de viverem em plena natureza, até as dificuldades de falta de água e outros recursos, naturais, financeiros, e relativos a educação, saúde etc.

Achei importante haver ali a Escola Jambeiro, com toda uma estrutura de acesso à internet e aprendizado de informática, filmes, vídeos e discos à mancheia: não vi muitos livros, e isso é necessário. Proponho que na próxima visita façamos uma doação de livros, para a Escolinha Jambeiro ou diretamente para as famílias – ou para ambas.

Vamos pensar também na alfabetização. Mesmo que não seja possível a frequência de aulas, dá pra fazer instalações, afixar cartazes, atribuir/delegar atividades aos jovens que estudam, para que ajudem os demais a lerem. (Wilson Rocha, músico e educador)

Ao final dos trabalhos, houve a exposição dos produtos culturais:

Aprendendo a pescar nos oceanos da informação: a construção dos saberes

O conceito de dispositivo refere-se a um agenciamento de elementos tendo em vista uma finalidade, ou seja, atenta não só para aspectos da gramática dos artefatos, como para sua finalidade, demandando, nesse aspecto, um qualificador. De acordo com o professor Edmir Perrotti, “ser constituído e organizado para conservar, é diferente de ser constituído e organizado para difundir, que, por sua vez, é diferente de ser constituído e organizado para ser apropriado”.

A Estação Memória Cambury se caracteriza como agenciamento de elementos concretos e abstratos, pautados por critérios gerais de ordenação que visam processos de apropriação simbólica e de protagonismo cultural. A finalidade do dispositivo é infoeducar, uma vez que, no mundo contemporâneo, todos nós necessitamos estar permanentemente aprendendo a nos informar, seja nas escolas, nos ambientes de trabalho ou domésticos, nas bibliotecas ou outras instituições culturais e estas precisam, por sua vez, refazerem-se em função de tais demandas.
Diferentemente de outras estações culturais, a Estação Memória Cambury não disponibiliza apenas informações, mas visa à apropriação. Não pretende oferece apenas o peixe, mas, ao oferecê-lo, ensinar sistematicamente a buscar significados nos oceanos dispersivos do universo da informação. Constitui-se como um metadispositivo de aprendizagem informacional indispensável aos processos de apropriação simbólica.